• Autor Victor Fernandes Motta
  • Ano 2019/2
  • Localização -22.922921, -43.374941
  • Premiações Arquiteto do Amanhã - IAB/RJ/2020
  • Resumo

    O bairro da Taquara, inserido no contexto da região da baixada de Jacarepaguá, passou por profundas transformações entre o final do Séc. XX e início do Séc. XXI. Antes uma região de características rurais e com difícil acesso, passou por grandes intervenções do Estado, sobretudo no segmento de mobilidade urbana nos últimos anos sob o pretexto dos grandes Jogos que a cidade do Rio de Janeiro recebeu, e hoje campo de disputa do capital privado e de seus modelos de cidade e consumo. Essas intervenções refletem nas dinâmicas internas do bairro onde, sua composição social, sua morfologia e paisagem se alteraram profundamente. Grandes obras de infraestrutura realizados pelo Poder público, associado a uma legislação que incentiva a ocupação, resultaram nas transformações do campo físico e social pelo mercado imobiliário. Cujo adensamento, verticalização, supervalorização do preço do solo e a inserção de novos modelos de habitar a cidade, baseado nos espaços privados e controlados, são os sintomas dessas transformações.

    E em contraponto a essas problemáticas, pequenos grupos locais recentemente começaram a se organizar e a se articular como agentes atuantes dentro do próprio território. Ao observar as condições atuais do bairro, a falta de participação nas tomadas de decisão ou de intervenção pela comunidade local e, principalmente, à ausência de políticas públicas e equipamentos públicos de desenvolvimento sócio-cultural, iniciaram projetos sociais com a comunidade.

    O trabalho surge do reconhecimento das ações empreendidas pelos agentes como forma de articulação e desenvolvimento de uma cultura local que reivindica a participação coletiva, melhores espaços públicos e emancipação social. Cuja proposta, visa atender essas reivindicações pela comunidade através de um projeto potencializador dessas atividades a partir da ativação de um vazio urbano no centro do bairro com um equipamento público associado a um espaço livre que incorpore e possibilite novas ações dos agentes e da comunidade.

    A organização da comunidade local enquanto agentes de construção cultural e de fortalecimento das relações sociais, que reivindicam espaços de coletividade de qualidade e a representatividade frente às decisões do poder público sobre o território do qual fazem parte, se faz necessário, sobretudo quando a partir das análises, se identifica a fragmentação e ruptura dos espaços públicos existentes em função de grandes projetos centralizados e a inexistência de um equipamento público que dê suporte a essas ações locais.

    As intervenções e as ocupações dos vazios urbanos, entendido nesse trabalho como espaços potenciais, pelos agentes e pela comunidade local evidenciam a reivindicação desses espaços. E que as iniciativas locais de auto-organização e intervenção coletiva que propõe melhorias do ambiente em que vivem, segundo Rosa “... demonstram a incapacidade das cidades atuais de lidar com os desafios da cidade contemporânea através da cultura tradicional de planejamento e de seus instrumentos.”

    Portanto, o projeto parte do princípio de potencialização das ações dos agentes locais com a proposta de um espaço de articulação, reflexão e produção de caráter experimental através de uma infraestrutura que permita as diversas atividades já empreendidas pelos agentes e pela comunidade, e que possibilite a ampliação de suas ações.


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