Resumo
O bairro de Campo Grande, Zona Oeste do município do Rio de Janeiro, foi escolhido como local de estudo por sua grande população e território em crescimento. Deixando para trás as plantações de laranjas, hoje é bairro é referência e suporte de serviços e comércio para os bairros vizinhos.Desde 2012, ano de inauguração do Park Shopping (do grupo Multiplan), o bairro vem inaugurando edifícios comerciais e condomínios residenciais. As moradias vão desde a faixa de MCMV até apartamentos e casas semelhantes aos do Recreio. Em 2018, aproximadamente 8 condomínios foram lançados e/ou entregues. Observando esse crescimento, além do grande fluxo de trabalhadores em direção ao Centro da Cidade nos dias úteis, a população dessa parte da Zona Oeste também se movimenta em direção aos eventos culturais para atividades de lazer, e, esses eventos são concentrados no Centro e Zona Sul. Logo, o morador do subúrbio enfrenta barreiras como a precariedade do transporte público, grande distância até o destino desejado e até baixo poder aquisitivo para participar de eventos culturais. Levantando os equipamentos culturais da região, é constatado o baixo investimento em cultura para essa parcela da população, baixa quantidade e qualidade. A proposta inicial do TFG foi restaurar o atual Teatro Arthur Azevedo. Após visitas ao local e entrevistas com funcionários, foi concluída a situação de degradação e improviso em que as atividades são mantidas: aulas no escuro; local de alimentação desprotegido; as pequenas companhias que se apresentam, precisam alugar equipamento de iluminação e som, os existentes não são eficazes, um custo repassado ao público através do aumento do preço do ingresso; na praça existente na lateral do terreno acontecem vendas de drogas e assaltos aos funcionários e moradores; o estacionamento se transformou em área de vegetação descuidada, levou os carros de funcionários para as calçadas e pedestres para a rua. A atual coordenadora, tem projetos de fortalecimento paras as parcerias entre o teatro, escolas, igrejas e empresas, através de atividades de exposição e leitura. Para receber o teatro, o terreno foi aterrado e recebeu um muro de contenção, que elevada a construção em 4 metros acima da cota mais baixa do terreno, criando uma grande empena cega para a rua. A primeira intenção do projeto foi conectar a edificação à praça, tornando o terreno mais permeável em todos os horários. Somando o estado de degradação do teatro, seu não tombamento como patrimônio e o abalo que a edificação sofreria com a alteração do muro de contenção, a proposta passou a ser um projeto para nova edificação de uso cultural. O programa arquitetônico foi desenvolvido a partir das atividades hoje existentes, (como: apresentações musicais e teatrais, palestras, aulas de instrumentos musicais, circo, dança, leitura dramatizada e uma tímida estante de empréstimos de livros) e os projetos de exposições e atividades comunitárias (desejados pela coordenadora). Assim, o núcleo do programa é formado por teatro, cinema e midiateca, que a partir do hall como um espaço conector e flexível, distribui fluxos para atividades de cursos, coworking (pensado para atrair um público frequente) galeria, café. Tirando proveito de um hábito dos moradores do bairro, sentar na calçada para conversar, foram pensadas praças e varandas, trazendo ambiências de estar para o projeto. No terreno irregular, que ocupa metade da quadra, foram traçadas linhas do entorno, seguindo o loteamento existente. Com um eixo central separado para cruzar o terreno, resulta em dois blocos ligados por lajes multiusos. A setorização do programa é iniciado na área da atual praça, mantendo o uso, mas aumentando a metragem, para que se estenda até os novos usos de midiateca, hall com circulações verticais e estacionamento para funcionários. A praça no pavimento térreo, também é acesso para o primeiro pavimento, com teatro e seus camarins, cinema, um pequeno café com varanda. O segundo pavimento, térreo para quem chegar pela rua na cota mais alta, recebe uma praça que distribui fluxos para o foyer principal do teatro, o eixo conector do entre os desníveis, coworking e o último pavimento, sendo esse o mais reservado, com as oficinas e administração.
Universidade Federal do Rio de Janeiro - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - Midiateca FAU/UFRJ 2019 ® | Todas as imagens protegidas por direitos autorais.