Resumo
Nas últimas décadas, o Brasil contou com um desenvolvimento irrefreável em seus municípios — muitas vezes condicionado pelo ineficaz gerenciamento público e movido à interesse do capital — e, no centro disso, terrenos marginalizados pela sociedade, dia após dia, perdem seu último resquício de perceptibilidade. Esses espaços, às vezes degradados, quase sempre esquecidos, são referenciados como vazios urbanos; áreas disfuncionais e carentes de propósito social. Sobretudo localizados entre pontos críticos de infraestruturas salientes, os vazios urbanos são contrapontos às novas tecnologias, como traduz o objeto deste estudo: um recorte de oito quilômetros do BRT Transcarioca.
Embora esta via de ônibus expresso colabore com a mobilidade do subúrbio carioca, ela também reorganiza a malha urbana da cidade, resultando novos desafios. Do recorte estudado, cinquenta são os vazios urbanos. Como a tecnologia, predecessora de incontáveis mudanças, pode produzir retrocesso? Este trabalho esperou resolver a premissa de que a tecnologia rediscute a paisagem urbana, incorporando-se também da própria tecnologia para engendrar uma metodologia de desenvolvimento arquitetônico, que consiste em quatro etapas: identificação e classificação das áreas de atuação; geração de um algoritmo auto-aprimorado — responsável por três operações geométricas no espaço; e seleção dos resultados otimizados por meio de três critérios físicos.
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