A proposta do trabalho é a criação de um centro de acolhimento e apoio às mulheres que vivem em situação de violência; seja ela física, psicológica, sexual ou moral. A discussão se dá a partir da reflexão sobre o papel da mulher na sociedade, com a sua inserção no mercado de trabalho e a reprodução de um sistema de jornada dupla que torna a mulher a principal refém do modelo capitalista. Esse retrato piora ainda mais para mulheres negras e pobres, pois elas sofrem com a interseção da divisão de gênero com a questão racial e de classe. Entendendo que a discussão do direito à cidade da mulher é diretamente ligada à gestão democrática da cidade e que a perspectiva da população em situação mais vulnerável é essencial para a formação de um ambiente urbano mais justo e democrático. A escolha da Favela do Terreirão, localizada no Recreio dos Bandeirantes, se deu pela análise de dados do Instituto de Segurança Pública do RJ que indicam a Zona Oeste do Rio de Janeiro como a região com o maior aumento do número de denúncias de violência contra a mulher. Isso somado à distância dos principais equipamentos de auxílio à mulher evidencia o potencial do local escolhido para implantação do projeto. O objetivo final do projeto é a construção de um edifício que dialogue diretamente com as construções da comunidade sem se sobrepor a elas, em conjunto com o espaço público que faz divisa com as duas Ongs e a Creche Municipal da Favela. Transformando o vazio existente em um espaço que atue na mobilização e engajamento dos seus usuários. Se utilizando da capacidade que o projeto arquitetônico tem de atuar na comunidade, transformando a sua dinâmica e provocando reflexão e melhoria na qualidade de vida da população local.