• Autor Gabriel de Araújo Mesquita
  • Ano 2021/2
  • Localização -22.795203, -43.346769
  • Resumo

    Foi aqui em São João de Meriti que meus avós construíram-se socialmente, no elo entre o rural e o urbano onde até hoje transitam, resistem e mantêm a forte tradição que possuem com a terra materializada em um alambique de cachaça em Guapimirim, zona rural do estado, uma arquitetura que devido sua escala e proximidade entre a paisagem e o produto que fabrica, utilizo para confrontar a tremenda violência que toma hoje milhares de metros quadrados de São João de Meriti, periferia do Rio, em forma de armazéns logísticos espacializados por uma lógica global de consumo “pós-humana” de manufaturados. Ademais, não é a primeira vez que o Rio de Janeiro é palco desse tipo de agressão urbana, vemos o centro do Rio passar por processos semelhantes diversas vezes em sua história, revoluções de terra que aterraram séculos de cultura em prol de um modelo internacional e suprimiram na zona portuária os antigos trapiches da Gamboa, a primeira unidade de distribuição da cidade. Em tempos de viagens espaciais custeadas por produtos manufaturados propõe-se aqui uma visão a nível do solo daquilo que deveria ser do povo periférico e agora pertence a grandes empresários. O resgate de uma cultura de resistência, obrigada a sobreviver nos entremeios do urbanismo da tão almejada “cidade inteligente”.


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