Resumo
O centro da cidade é uma área que recebe maciços investimentos em infraestrutura e transporte, no entanto, devido às politicas de proibição de moradia, marcadas pelo Plano de Diretor da década de 1970, essa região da cidade sofre com seu esvaziamento fora dos horários comerciais, o que gera um intenso movimento pendular para inúmeras partes do Rio de Janeiro. No entanto, desde a década de 1990 têm ocorrido movimentos por parte do poder público com o intuito de reocupar o Centro, sendo os imóveis ociosos os pontos chave dessas retomadas. O objeto de estudo desse trabalho é o Edifício A Noite, localizado na Praça Mauá, nº 7, no bairro da Saúde, Rio de Janeiro. Desde sua construção em 1929, o prédio em estilo Art Decó de 102 metros de altura foi o marco inicial do processo de verticalização da cidade, tendo sido o primeiro arranha-céu do país. O edifício foi construído para ser sede do jornal vespertino A Noite, além de abrigar empresas ligadas ao ideal do moderno, como a companhia aérea Pan Am e a Philips. Já nos anos de 1936, o jornal expandiu suas atividades e iniciaram-se as emissões da Rádio Nacional, que ocupou os três últimos pavimentos. Durante o Governo de Getúlio Vargas, devido a várias dívidas, o edifício e a rádio foram encampados pela União. Em 2013 teve suas fachadas tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o qual destacou a introdução do uso do concreto armado, em larga escala, sua relevância entre as obras do arquiteto francês Joseph Gire e do engenheiro brasileiro Emílio Baumgart e sua presença marcante na paisagem da Praça Mauá. Atualmente, ele pertence ao Instituto Nacional do Patrimônio Industrial, se encontra desocupado e a Rádio foi transferida para a Rua Mayrink Veiga. O presente trabalho visa mostrar a viabilidade de intervenções e mudanças de uso em edifícios tombados e protegidos, sendo a reocupação uma estratégia para mitigar a perda crescente de exemplares históricos da arquitetura do país, devido ao abandono e decorrente ruína. Assim, esse trabalho propõe a reocupação do Edifício A Noite com o desenvolvimento de um programa de uso misto que parte da análise e da interpretação das mudanças e continuidades de seu entorno próximo, refletindo a multiplicidade da vida da cidade e tirando partido das potencialidades de um arranha-céu.
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