O projeto parte de um olhar para a cidade voltado para a questão alimentar sob a perspectiva de um paradoxo: a fome e o desperdício de alimentos. A expressão "xepa" se refere a alimentos não consumidos; ao aplicar essa ideia às cidades, o trabalho buscou compreender quais espaços poderiam ser considerados “sobras” na cidade. Analisando o tecido urbano e o entendimento de espaços subutilizados, determinaram-se os estacionamentos de supermercados como área de atuação do projeto, tendo em vista que estes são, em simultâneo, o problema e a solução. Entende-se o supermercado como a espacialização do desperdício de alimentos, bem como seu estacionamento, a do desperdício de espaço urbano. Portanto, a partir da necessidade do reaproveitamento de alimentos e do estudo de tecidos urbanos, o projeto visa à subversão de vagas de estacionamento de um supermercado, no bairro da Tijuca, em um sistema que engloba o programa de um espaço para compostagem e horta, e o projeto de um edifício que abriga um refeitório. O projeto atua como objeto político e ativo, reivindicando o espaço da cidade e a alimentação digna.