A valorização da história nos tempos atuais, a preocupação em preservar elementos antigos e valorizá-los, tem sido um assunto cada vez mais frequente nos debates sobre as cidades. Essa ideia começa a ser fomentada no início do século XX e vem como uma resposta ao declínio do pensamento iluminista criado no século XVIII. A recuperação do passado tem como objetivo a busca de uma singularidade (ABREU, 2013), mostrando aspectos relevantes de um local que, em certos momentos podem ter sido deixados de lado. Entretanto, esta ainda é uma temática geralmente voltada para os locais que possuem um planejamento urbano adequado e maiores investimentos em infraestrutura. Enquanto isso, locais que não possuem a mesma infraestrutura, acabam não preservando o seu patrimônio e apagando parte de sua memória. Esse esquecimento de um lado da história é consequência também da pouca afetividade que existe por parte da população com relação à representatividade do local onde reside, não conhecendo o passado e suas singularidades (SANTOS, 1985). Entre os objetos que fazem parte dessa história pouco valorizada, apresenta-se a Fazenda do Brejo. Localizada no município de Belford Roxo, na região metropolitana do Rio de Janeiro, possuindo construções abandonadas que seriam a sede para o funcionamento de um antigo engenho de açúcar. A fazenda atualmente não é reconhecida como patrimônio em nenhuma instância e os registros sobre sua história são poucos. O resgate à história da cidade só será efetivo se a sua população sentir-se contemplada pelo projeto efetuado. Seguindo o que apresenta em seu texto, Nelson Santos afirma que o prioritário não deve ser tombar os edifícios ou transformá-los em museus, pois muitas vezes o poder público e seus proprietários não querem investir nesses bens. Ao invés disso, a proposta deve ser tornar o ambiente vivo, oxigenando e integrando-o à cidade. Diante disso, o projeto de equipamento cultural a ser desenvolvido no antigo Engenho do Brejo, é um objeto que tem o intuito de mostrar como recuperar a memória local e apresentá-la para um público que não a conhece, de uma maneira efetiva e potencializadora. Além disso, através do seu novo programa a proposta visa dar visibilidade à produção artística e cultural existente da Baixada Fluminense e fornecer um espaço de lazer público de qualidade para a população.