O esvaziamento do Centro do Rio de Janeiro ocorre desde a segunda metade do século XX, devido à legislação urbanística com vistas à setorização da cidade; à transferência da capital; à valorização de outros centros urbanos como centralidade de negócios, dentre outros fatores. Na década de 1970, este quadro entrou em evidência, fato que levou à formulação de diversos programas com o intuito de requalificar o Centro. O Corredor Cultural, por exemplo, foi um programa de preservação do centro histórico do Rio que teve premissas inovadoras, e contribuiu para a mudança, em âmbito nacional, da visão de patrimônio entre as esferas administrativas. Nota-se, no entanto, uma incongruência entre a ideia de esvaziamento — marcada pelos imóveis vacantes, subutilizados e em deterioração — e o aumento da população em situação de rua, que se concentra na região central. Esta conjuntura foi exacerbada pela crise alavancada pela pandemia da COVID-19. Diante deste contexto, o presente trabalho visa à elaboração de um projeto arquitetônico habitacional inserido na quadra delimitada pelas vias Senador Pompeu, Visconde da Gávea, Alexandre Mackenzie e Marechal Floriano. O projeto tem como diretrizes o fornecimento de Habitação de Interesse Social, a melhoria da caminhabilidade nas adjacências e o aproveitamento do patrimônio para uso da comunidade. O recorte insere-se no Setor Central do Brasil do programa Reviver Centro, elaborado em 2021 pela municipalidade do Rio de Janeiro.