• Autor Jemima Cantanhede do Nascimento
  • Ano 2020/1
  • Localização -22.91047, -43.27
  • Resumo

    O ano de 2020 nos pegou desprevenidos. Nos deparamos com uma situação de pandemia que nos fez ficar em casa trancados conosco encarando o nosso "eu". Lidar com as nossas emoções não era mais uma opção. Não podíamos fugir para a praia ou no shopping para "distrair a cabeça". Tínhamos que olhar para as mesmas pessoas, ouvir as mesmas vozes, ver a mesma parede todos os dias. O velho e bom quintal virou artigo de luxo. Ações simples como pisar no chão de terra, olhar para o céu, sentir o vento na pele foram privilégios de poucos. A ventilação e iluminação natural, palavras famosas no meio da arquitetura, foram incorporadas no vocabulário da população. Talvez não conscientemente, mas a falta desses elementos naturais, com certeza foram notados por todos. De repente, um assunto que os arquitetos se cansam de estudar, virou pauta para muitos. Ea pergunta: "Como a arquitetura influencia nas nossas emoções", nunca ficou tão forte na minha cabeça. Tal questão tem papel fundamental para o desenvolvimento deste Trabalho final de Graduação. Esses e outros questionamentos não nasceram na pandemia, eles me acompanham desde o início da faculdade. Me recordo que em uma aula de teoria da arquitetura analisávamos os vitrais da Catedral de Chartres. O debate sobre a sensação causada pela simples passagem de luz através dos vitrais da igreja me arrebatou. Como é que a luz ao passar pelo vidro causava uma ascensão espiritual nas pessoas? Nunca tinha parado para refletir sobre isso. Mas após aquele dia, minha experiência acadêmica nunca mais foi a mesma. Eu descobri que como arquiteta tenho a oportunidade de gerar boas sensações nos usuários. Os vitrais da catedral de Chartres provaram e despertaram essa curiosidade em mim. A autora Esther Sternberg introduz seu livro Healing places - The science of spaces and Well being, comentando sobre uma pesquisa realizada na Science Magazine (ULRICH, 1984) que relata a influência das janelas dos hospitais viradas para paisagens naturais em contraponto a janelas viradas para muros de tijolos. Quando os quartos possuiam janelas com vistas para a natureza os pacientes se recuperaram mais rapidamente do que os pacientes que tinham como vista, uma parede de tijolos. Os pesquisadores realizaram o estudo com outros dois grupos de pacientes do mesmo hospital durante o período de 1972 - 1981. Ele era composto por trinta mulheres e sessenta homens e suas camas eram próximas a janelas com paisagens de natureza ou de tijolos. A autora relata que Ulrich mais uma vez concluiu que pacientes que possuíam vista para as árvores obtiveram alta mais rápido e tomaram doses menores de medicamentos dos que possuíam vista para uma parede de tijolos. Dessa forma, fica claro o papel da arquitetura como instrumento facilitador da cura física e mental do ser humano. do ser humano. Sendo assim, espaços podem e devem ser projetados levando em consideração o bem estar e conforto do usuário. As pessoas enfermas não estão somente num leito de hospital. Elas podem estar nas ruas, na fila do supermercado, na fila do banco, nos escritórios, entre outros. Será que os lugares que frequentamos nos traz qualidade de vida? O presente trabalho propõe o debate em torno dessas questões e utilizará como objeto o projeto de um edifício de reabilitação física, visual e auditiva situado no bairro do Engenho Novo, Rio de Janeiro. A intenção é estudar a influência de determinados aspectos da construção no estado físico, mental e até mesmo espiritual do ser humano. As cores, texturas, iluminação, vãos, acústica, serão explorados ao longo do processo de desenvolvimento do edifício. A ideia é proporcionar um ambiente hospitalar que cure e cuide das pessoas que se relacionam com o edifício.


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