• Abrindo olhos para São Cristóvão: Soluções metodológicas por uma cidade sem muros retornar à pesquisa
  • Autor Nathália Domingues da Silva Meyohas
  • Ano 2018/1
  • Localização -22.896833, -43.223583
  • Resumo

    Os muros cegos são um fator central para a morte do espaço livre público das cidades, uma vez que, quando não há aberturas na fachada, fecham-se os "olhos da rua", como designou Jane Jacobs (1961) ao tratar das cidades norte-americanas. A ausência de "olhos da rua” significa que, nela, não há “controle" por parte dos moradores; desta forma, o espaço público fica vulnerável a atividades inadequadas ou criminosas, gerando perigos reais ou sentimento de insegurança aos que transitam por ele. Na Grande São Cristóvão, que agrega bairros pericentrais da cidade do Rio de Janeiro, esta questão é crucial: a presença de muros cegos é recorrente. Há: (1) vazios urbanos decorrentes da desindustrialização do bairro, (2) grandes lotes predatórios à escala das ruas locais residenciais e (3) áreas novas de condomínios verticais. No entanto, apesar da vitalidade dos espaços públicos ser comprometida por estes motivos, a função residencial resiste no bairro, apesar de dispersa. O trabalho visa construir uma solução metodológica para trechos urbanos onde a presença de muros cegos é predominante, numa estratégia projetual que, respeitando pré-existências arquitetônicas e de atividades, possibilite o  aumento da densidade habitacional, diversidade de usos e vitalidade dos espaços públicos. Para tanto, é fundamental a aplicação do Land Readjustment, ou reajuste de terras, instrumento de planejamento urbano no qual o governo negocia frações subutilizadas ou abandonadas de lotes com a proposta de que os equipamentos ali instalados possam vir a contribuir para a própria valorização imobiliária dos  terrenos. Aqui, esperamos demonstrar como soluções de reajuste fundiário permitem melhorias quantitativas e qualitativas para a vitalidade urbana, permitindo reconfigurações espaciais e a implementação de novos usos do qual o contexto urbano carece: um uso residencial mais intenso e usos comerciais ligados ao espaço da rua. Para a aplicação desta metodologia, foi escolhido um recorte espacial que inclui três quadras adjacentes à Rua General Bruce, rua central do bairro, onde há uma intensidade de muros cegos. A proposta busca respeitar as especificidades do trecho urbano: menores alturas e a relação com o conjunto parque-instituição cultural científica e a escola, ambos de valor patrimonial histórico e paisagístco. O projeto inclui, ainda, um levantamento detalhado de tipologias de formas de morar dentro do entorno a fim de fazer um ensaio de projeto de 2 edifícios e projeto paisagístico do eixo que liga a Rua Campo de São Cristóvão ao Museu de Astronomia através da Rua Esberard para um estudo de maior complexidade sobre relações entre espaço construído e os espaços livres públicos e privado e sobre formas de utilizar o espaço público.


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