• Autor Miguel Angel Palacios Carrasco
  • Ano 2018/2
  • Localização -22.958944, -43.188639
  • Premiações Ópera Prima/2020, Young Talent Architecture Award (YTAA) - Selecionado/2019
  • Resumo

    Em grande parte, os atuais cemitérios urbanos da cidade do Rio de janeiro são espaços que foram concebidos a partir de uma lógica difundida na Europa no início do século XVIII. Ao contrário do que ocorria na idade Média, onde os cemitérios se integravam ao funcionamento diário da cidade, assumindo a natureza de um espaço politico, com ruas e praças que abrigavam atividades do cotidiano da cidade, o espaço da morte agora se desloca para as periferias e arredores da metrópole. Passa a configurar um espaço onde a vida urbana da cidade parece banida, proibida de entrar, um exílio infligido ao estado de crise por excelência do ser humano, a morte. Mas o crescimento da cidade contemporânea e a expansão de sua malha urbana fez com que a cidade flanqueasse estes espaços, que antes localizados em locais periféricos agora se encontram no seno da malha urbana. Como alternativa a esta realidade vislumbra-se o resgate do caráter político do cemitério, em resposta ao grande espaço morto que hoje caracteriza seu território. Este novo layer contempla questões contemporâneas relativas ao território da necrópole, como sua necessária pronta densificação e a reconexão de áreas seccionadas por sua atual configuração. Na tentativa de dissipar o caráter impenetrável e excludente do mesmo, não se apresenta como uma intervenção autista no espaço da cidade, mas como ação com efetivo potencial de transformação de todo o território afetado pelo caráter de finitude espacial e simbólico do cemitério hoje. Ao materializar-se em estruturas abertas e flexíveis a nova interface do cemitério representa o espaço entre, que político por natureza, é capaz de mediar os conflitos e tensões sem extingui-los por completo. A existência do espaço entre pressupõe um potencial conflito entre as partes que o conformam. É no potencial de transformar o conflito em coexistência e justaposição em que reside o sentido ontológico do espaço que se pressupõe político. Cemitério São João Batista, Rio de Janeiro, Brasil Cemitério do Catumbi, Rio de Janeiro, Brasil


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