O Projeto consiste na criação de uma nova sede para a Escola de Dança Centro Cultural Carioca (Dança CCC), fundada pelo professor e coreógrafo Isnard Manso em 1996 e desde então instalada na Praça Tiradentes, Centro do Rio de Janeiro. Atualmente a Escola se encontra instalada em 421 m2 divididos em duas edificações no encontro da Rua Sete de Setembro com a Praça Tiradentes, próximas ao Teatro João Caetano. Reconhecendo a importância da Dança CCC no cenário da dança de salão e a importância da recuperação e manutenção de imóveis históricos e de toda a região da Praça Tiradentes, além da própria atividade da dança de salão, como patrimônios artísticos culturais da população, a proposta é a criação de uma nova sede para a escola localizada nos números 75 e 77 da Praça Tiradentes, projetada especificamente para tal uso. A Praça Tiradentes ganhou importância cultural a partir de 1808 com a chegada da Família Real Portuguesa, quando passou a abrigar teatros, escolas de música e cafés frequentados pela elite da cidade. Com o passar dos anos e a criação do teatro de revista, a região ganhou importância também para as camadas mais populares da sociedade, passando a abrigar posteriormente as chamadas “gafieiras”, locais que essas camadas frequentavam para dançar os ritmos populares que eram proibidos dentro dos grandes salões nobres por serem muito insinuantes e com contato corporal. Dentre as gafieiras mais famosas da cidade, a Estudantina Musical esteve instalada na praça por muitas décadas, inicialmente no terreno proposto e, posteriormente, no terreno ao lado, número 79. O imóvel tem um potencial construtivo total de 1350m2 e é pertencente ao Corredor Cultural, sendo assim determinada a preservação de sua fachada e volumetria, além da garantia de acesso a todas as sacadas. O Conceito: O desafio era pensar a importância da Dança e seu caráter democrático dentro de um espaço degradado, mas também pleno de valor cultural de modo que este uso fosse demandado de modo a atender socialmente àquela região. Como suporte teórico, busquei no entendimento de Gustavo Giovannoni1 sobre as relações entre Patrimônio e Cidade algumas diretrizes. Para ele a cidade precisa ser vista como um organismo complexo onde as intervenções em edifícios devem ter como princípio usos comprometidos com a sociedade. E mais, a arquitetura é entendida por ele como complemento social, pois, caso contrário não cumprirá o seu papel. A Escola de Dança Centro Cultural Carioca tem esta função demandada pela sua própria história como também pela procura e comprometimento de seu público. Somados a isso, a importância do edifício e seu entorno – Corredor Cultural, e ainda, a possibilidade projetual de valorização do lugar. O projeto nasceu a partir da união de três fatores: a visão de dança da Escola, o entendimento das diretrizes dos estudos sobre revitalização do patrimônio e a percepção do entorno. A Escola vê a dança de salão como uma atividade democrática, que pode ser realizada em qualquer lugar, por qualquer pessoa, e que nos conecta social, cultural e espacialmente com a cidade. A partir desta visão, a Escola sempre manteve uma postura de abertura e acolhimento a qualquer pessoa que se interesse pela dança de salão e queira aprendê-la e/ou praticá-la, oferecendo aulas, realizando bailes e oficinas, tanto em seu espaço quanto em espaços públicos como a própria Praça Tiradentes. Em conjunto com a percepção do entorno no qual se insere o terreno, esta visão determinou diretrizes projetuais como a implantação do salão no pavimento térreo, de forma a propiciar eventos que possam se expandir para o espaço da praça, desde bailes e oficinas até apresentações da companhia de dança, que podem inclusive utilizar a fachada como cenário. Foram determinadas também salas de aula ao longo da fachada do edifício, a fim de que essa fachada se apresente em movimento e que possa captar o interesse do pedestre. Outra diretriz foi a criação de ventilação natural, já que o terreno é co também possui a função de elemento das aulas de dança em seu entorno. Também foi criado um pátio lateral posterior do edifício.