• Autor Daniel Rodrigues Mello
  • Ano 2019/1
  • Tema(s)
  • Coorientador Winnie Pereira
  • Resumo

    Pertencente à região metropolitana do rio e distante 25km da capital, a cidade de duque de Caxias, assim como toda a baixada, é vista quase sempre como uma cidade dormitório. Mora-se, mas não se vive na cidade. Trabalho, lazer, esporte, acesso à equipamentos de cultura e muitas vezes acesso à educação são tidos como possíveis apenas no trajeto supervia/linha vermelha - central do brasil - rio de janeiro, se essa é a realidade das pessoas que moram no centro ou próximo ao centro de duque de Caxias, como é a situação de quem mora em locais mais afastadas dentro da própria cidade? A realidade da cidade, vista à luz de seus índices econômicos, posição estratégica na região metropolitana do rio e tamanho da população é, para além de qualquer outra definição, bastante contraditória. Sendo a segunda economia do estado, quase 1 milhão de habitantes, um polo industrial petroquímico gigante, seus índices sociais não refletem os da economia pulsante – 46° município em IDH no estado do RJ; 53% da população em estado de pobreza ou miséria; esgoto; água; luz; analfabetismo. A partir da experiência como morador da cidade, do entendimento da carência que passa a sua população em equipamentos voltados a cultura, lazer e esportes e da importância que esses espaços tem na transformação da vida de todos, surge o desejo de estudar/projetar algo que pudesse efetivamente ser útil para a região, com fácil acesso à população local e de toda duque de Caxias. De início a ideia do projeto era apenas um equipamento nos moldes das vilas olímpicas, com opções de esportes, atividades recreativas e culturais. Entretanto, após uma análise mais profunda das necessidades da população local, notou-se uma crescente demanda por vagas escolares de ensino fundamental. Segundo dados estatísticos do IBGE, o número de vagas de ensino fundamental (crianças entre 5 e 14 anos) diminuiu de 155mil para 116mil entre os anos de 2009 e 2017 - uma queda de aproximadamente 25% da oferta de vagas. Se no último censo de 2010 a população entre 5 e 14 anos era de 146mil pessoas e na estimativa de 2017 a população total da cidade cresceu cerca de 7%, nota-se que há um grande déficit no número de vagas disponíveis em relação ao número oferecido. Após essa análise é decidido que em conjunto ao equipamento “vila olímpica” seria ofertada também uma escola de ensino fundamental que funcionaria nos moldes de “escola-parque” idealizada por Anísio Teixeira, com ensino em aula de aula num período do dia e ensino nas demais dependências do complexo escolar no outro período. O programa é dividido em cinco setores, todos se relacionando mais ou menos uns com os outros: - o administrativo - contando com o hall de entrada, recepção, secretaria, diretoria e etc; - o escolar – com as salas de aula, laboratórios, salas de artes, música, leitura e demais atividades de apoio exclusivamente escolar; - o esportivo - que conta com as quadras poliesportivas, piscina, vestiários e áreas de apoio; - o cultural – com a biblioteca, salas de dança, luta, oficinas de desenho/pintura/escultura, auditório e áreas de apoio; - nutricional/clínico - contando com refeitório, enfermaria e salas de atendimento médico-odontológico. Durante o estudo de setorização e implantação, as intenções que guiaram a forma do projeto foram: - manutenção da maior parte da vegetação pré-existente - separação dos setores de uso comunitário e uso exclusivamente escolar - priorização de um gabarito similar ao entorno (máximo de 3 pavimentos) - priorização de uma forma que garantisse um ambiente de conforto ambiental Dessa maneira opta-se por preservar essa vegetação em boa parte espalhando os usos do edifício na parte ao norte do terreno e entre a vegetação (tanto existente, quanto a ser plantada). Isso providencia um ganho aos alunos e usuários do edifício no que diz respeito ao aprendizado, aumento do conforto térmico e acústico, privacidade e segurança na separação da rua com a escola. A escolha da entrada pela rua lateral acontece por ser o sentido maior do terreno e ser uma rua com menos movimento em relação a rua ao sul, o que ajuda na chegada e dispersão dos alunos nos horários de entrada e saída. Além disso, em frente a essa entrada que será criada há um potencial terreno baldio que poderá ser utilizado na urbanização do entorno da escola com a criação de uma praça. Na tratativa do gabarito, há a escolha de manter a maior parte das atividades comunitárias próximas a entrada, o edifício com atividades exclusivamente escolares mais afastado ao centro do terreno e as quadras como elemento de ligação entre as atividades comunitárias e escolares. Quanto ao conforto ambiental, a escolha da implantação da escola com o comprimento no eixo leste-oeste leva em conta que a maior facilidade tratar as fachadas norte-sul - sul sem incidência de sol a maior parte do ano e norte com incidência o ano todo, porém com o sol menos inclinado o qual facilita na escolha da proteção a ser utilizada nas fachadas-e a forma como o sol incide nas salas de aula e gera o reflexo nas paredes - a luz solar menos inclinada (leste, oeste) entra com mais facilidade nas salas e atinge as paredes, atrapalhando a visão dos alunos no quadro. Ainda quanto a essa escolha de implantação, há a direção dos ventos predominantes na região, no eixo norte-sul.


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