O trabalho propõe uma intervenção arquitetônica ficcional no Km89 da Rodovia Washington Luiz [BR-040], a curva do contorno, Petrópolis, onde se localiza o Belvedere do Grinfo. Hoje, a área figura como canteiro de obras da nova subida da serra Rio - Juiz de Fora. De um lado da via, um depósito das obras, do outro, grandes maquinários abandonados. Uma grande cicatriz em meio à paisagem de Mata Atlântica da Serra do Mar. O parque Malgrado surge de um incomum acúmulo de questões arquitetônicas nesse território: RUÍNA + CANTEIRO DE OBRAS + PAISAGEM Surge para defender a preservação de um conjunto de memórias que normalmente queremos esquecer: as memórias de valor negativo, que se relacionam diretamente a esses espaços que acumulam acontecimentos ruins. Memórias estas que precisam, sim, ser mantidas no imaginário coletivo, para sabermos para onde não caminhar, compreendidas, em primeira instância, como uma oportunidade de aprendizado. Fazem parte desse Parque o próprio mirante, as escavadeiras, e as dunas de britas do canteiro de obras, compondo esse ambiente de contemplação do que não podemos deixar acontecer novamente. Agregados a essas pré-existências, num percurso sinuoso e constante (ou não), surgem os elementos definidores do parque: as Migalhas - que, por meio de espacialidades e geometrias variadas, e através do método construtivo do gabião, definem a atmosfera distópica do projeto. É formado, assim, um conjunto de migalhas que, como em contos infantis, espalhadas pela mata, indicam um caminho (nem sempre bom).