• Autor Manuela Brasil Cabral
  • Ano 2018/1
  • Localização -22.8965817, -43.1845183
  • Orientador Wagner Rufino
  • Resumo

    O projeto propõe a recuperação do edifício do antigo IAPETC, no bairro da Saúde, que se encontra desativado desde a década de 1980, para transformá-lo em habitação de interesse social. Localizado na Avenida Venezuela em uma região muito próxima a equipamentos culturais locais, como o Cais do Valongo, o Largo de São Francisco da Prainha e a Pedra do Sal, o edifício esteve ocupado por 6 anos pelo movimento social ZUMBI DOS PALMARES, quando em 2011, com o início das obras do Porto Maravilha, as famílias do movimento foram dali removidas. Reabilitar um edifício desativado para um projeto de habitação de interesse social neste território da cidade se configura como um ato de resistência pois se trata de dar voz às pessoas que historicamente ocuparam a Zona Portuária, as quais foram excluídas do contínuo processo de produção do espaço construído, sobretudo em projetos de revitalização. A proposta seria devolver o edifício para os antigos moradores pois nesse território de conflitos, os movimentos de moradia têm papel relevante, demandando, através das ocupações, o cumprimento da função social da propriedade. Em função da desmobilização das famílias por parte do governo municipal, uma alternativa ao déficit habitacional nas áreas centrais seria a locação social, em que o valor do aluguel só pode comprometer 30% da renda do morador, resultando em valores muito abaixo dos praticados na região portuária, que passa por um processo de ressignificação que se desdobra em um processo de especulação imobiliária. Desta forma, o Estado seria responsável pela reabilitação do edifício e construção das unidades, mas ainda assim as práticas autogestionárias seriam aqui aplicadas como forma de manutenção da luta desses moradores pela moradia e pela ocupação desse espaço na cidade, com grande oferta de serviços e emprego, fundamental para a sua sobrevivência. Assim, o conceito do projeto surgiu do estudo do processo de co-habitação, motivado pelas constituintes características de agregação e solidariedade dessa experiência, buscando criar entre os edifícios um elo através de espaços de convivência, que aqui surgem no projeto de uma circulação-galeria e deoutros espaços coletivos , responsáveis por promover um percurso entre os edifícios e a possibilidade de troca entre os moradores. Os edifícios não se tocam mas ainda assim estão amarrados como um conjunto único. O pátio privado que então é criado, é dividido entre a creche que ocupa o térreo e o edifício habitacional, além disso, a empena cega do edifício existente é mantida e ganha o caráter de tela de projeção e de expressão artística para os moradores. O nome ZUMBI se mantém como forma de marcar esse espaço com a memória da ocupação que nesse local foi por um período uma das maiores da América Latina, com cerca de 130 famílias e, também, como forma de preservar a história negra desse lugar da cidade.


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