Esse trabalho parte da forma urbana do Centro do Rio de Janeiro em busca da identificação de variáveis que denunciam situações com potencial de intervenção, de transformação espacial, política e social. Entende a camada histórica como parte fundamental no processo de produção de identidade e memória cultural, mas acredita que uma nova leitura sobre esse lugar seja essencial para que essa parcela de cidade não se transforme em um feitiche estético, de carácter museístico e que ela volte a contribuir para a produção de história, de memória, de identidade cultural da cidade. O território-entorno do IFCS e da quadra entre a Rua do Teatro e da Rua Sete de Setembro como paradigma de um entrave: no antigo lugar-limite da cidade, encontram-se situações incontestáveis: o projeto do Corredor Cultural é incontestável, os grandes equipamentos são incontestáveis, limites dos lotes, das quadras, das praças, igualmente incon- testáveis. Como partir da produção de uma camada arquitetônica contemporânea que discuta essas questões e que se coloque como mediadora das relacões entre o que é público e o que é privado, o que é permanente e o que é efêmero, o que é “realidade” e o que é ficção? Proponho nesse trabalho uma releitura da forma preservada no Centro do Rio de Janeiro, deixando de lado a es- tética das fachadas e dos telhados e atentando mais para os seus alinhamentos, seus ritmos, a proporcão estreita e profunda de sues lotes, a escala mais baixa e a sua materialidade homogênea. Como em um processo arqueológico, onde a principal operação é a escavação - a subtração de partes que permitam descobertas de outras camadas - , aqui a discussão gira em torno da revelação da dimensão construtiva e da produção espacial do território, revisitando o patrimônio por meio de atravessamentos do presente, e fornecendo assim, subsídios para novas perspectivas políticas, sociais e culturais.