• Autor Lis Dourado Pamplona
  • Ano 2015/1
  • Tema(s)
  • Localização -22.888199, -43.217282
  • Resumo

    Dentre muitas discussões teóricas sobre a relação porto cidade, questões como sua evolução histórica, memória, vida de moradores, viajantes e imigrantes, transformações de seus usos, velocidade de transformações, capacidade de suas estruturas, assim como a própria construção da imagem e representação de uma cidade e seu porto, todas essas acabam por criar uma rica abordagem embasada em um preciosismo no qual qualquer diferença pode parecer imperceptível. Uma cidade portuária é diferente de uma cidade que tem um porto assim como um porto de uma cidade é diferente de ambos. Cada definição se distancia na medida em que o pensamento em torno de um ou de outro, cidade ou porto, são mais ou menos interligados, quando um participa do outro tanto no seu planejamento direto ou indireto, ou seja, ratificando sua própria presença dentro do outro, se utilizando de sua imagem, de sua história, de seu ritmo e de suas transformações a fim de justificar a si mesmo e alimentar seu desenvolvimento. Neste trabalho, o porto do Rio de Janeiro foi profundamente estudado a fim de entender os seus limites entre sua caricatura e suas funções portuárias assim como seu impacto que se estende sem planejamento no que tange ao transporte de suas cargas que se movimentam estranhamente entre centro e periferia. A nova logística portuária que se baseia em containers e navios de grande porte exige uma organização espacial que até agora foi abordado superficialmente dentro dos planos urbanos. Mesmo tendo o projeto Porto do Século XXI como um dos mais grandiosos e impactantes na história do município isso não quer dizer que a questão levantada nele se quer sugerisse uma nova urbanística que considera o caráter metropolitano do porto. O próprio questionamento sobre o porto funcionar como terminal de carga dentro da cidade fica à margem de qualquer discussão. Sendo assim, a parte estrutural portuária, seus trens, suas áreas de retroporto, seus caminhões, guindastes e navios continuam a se desenvolver num ritmo paralelo ao resto da cidade. Essa dessincronia acaba então fornecendo um material de estudo e experimentação único para um urbanismo de associações dentro de uma paisagem rica em adaptações sucessivas, onde as infraestruturas formam uma agregação de mutações que induzem outras espécies de arquitetura e novas complexidades. Sendo assim, o ensaio sobre um artefato genérico é justamente essa pretensão de trazer à superfície toda essa incerteza e imprevisibilidade de um (im) possível projeto para a situação urbana em questão, onde o porto se revela em toda sua estranheza e possibilidades de conexão.


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