Resumo
CONTEXTUALIZAÇÃO A cidade de Guapimirim possui cerca de sessenta mil moradores e fica a uma hora do Rio de Janeiro. Atualmente, passa por transformações na sua dinâmica e tecido urbano. Grandes empreendimentos estão ocorrendo em seu território e nos municípios vizinhos, fazendo com que Guapimirim apresente novas formas de vivência e interação com os espaços públicos. A cidade hoje carece de espaços públicos de qualidade, indo contra as novas demandas de sua população. As poucas áreas de espaço livre - como praças - estão sucateadas e não possibilitam a criação de um senso de lugar pela população local. Nesse sentido, a intervenção ocorre com o intuito de fornecer espaços ricos em atividades e conformação que atendam às necessidades não só dos moradores, como também para os municípios vizinhos. MARCOS O coração da cidade e sua centralidade eram a estação de trem, fundada em 1896, um ponto de encontro e despedidas que abrigava todas as atividades de lazer dos moradores. Posteriormente, foi criada a praça Paulo Terra que era o principal local de atividades ao ar livre e abrigava os eventos periódicos da cidade. Infelizmente, hoje a estação é completamente murada e muitas linhas de trem foram desativadas. A praça também se encontra desequipada e em péssimo estado de conservação, contudo a memória afetiva do local entre os moradores se mantém viva. A relação da estação com o edifício se torna primordial para evidenciar essa centralidade que reconhece a memória local. CONCEITO E PAISAGEM Faz parte do contexto da cidade a abundância de recursos naturais. A paisagem natural exuberante da serra se faz presente, contudo pouco contato se faz entre estes recursos e a população local. Esta intervenção busca estreitar o elo entre a paisagem e seus moradores. O Parque parte exatamente do conceito proposto para o centro cultural. A arquitetura do centro busca justamente a indissociabilidade e harmonia entre edifício e natureza. Precisamos da conexão com nosso ambiente natural e a arquitetura poder ser esta ponte. Este edifício busca estratégias de criar um diálogo com a paisagem, assim como melhorar a visibilidade e interação entre visitantes e ocupa esse papel entre espaços livres e construídos. MEMÓRIA A intervenção aqui proposta visa resgatar a memória afetiva do local, colocando abaixo os obstáculos criados ao longo do tempo que segregaram a antiga estação e a reinserindo ao cotidiano da vida urbana. A intervenção promove uma centralidade que reconhece a memória aqui presente e se distribui entre parque e edificação. Fazer conexões se mostra um objetivo da proposta visto que a principal via de tráfego que permeia a estação e a praça Paulo Terra foi reposicionada, isto permitiu interligar a extensa área destinada a estação à praça. Para isso a estação de trem original é restaurada e transformada em um museu de sua própria história, sendo criada uma nova estação para comportar novas linhas. PARQUE O parque cultural resgata a centralidade existente antes e estabelece um palco para as atividades públicas e cívicas da cidade. É criado um grande eixo nos quais os marcos como a Igreja Matriz e a antiga estação de trem agora servem como pontos de orientação no espaço. A nova estação de trem e um pólo gastronômico integram a vida do parque. As praças da Formil e Paulo Terra agora complementam o passeio proposto. Para isso a principal via de carros da cidade foi relocada dando lugar à um espaço múltiplo e motor de novas memórias que serão criadas. CULTURAL O centro cultural é concebido numa leitura das demandas entre a população local. Conta com auditórios, cinema, biblioteca, midiateca e área de exposição, assim como áreas de alimentação. Também um Bike Center é pensado visando integrar o ciclismo pelo parque. Oficinas, palestras e atividades culturais diversas são implementadas afim de estimular e cativar as diversas gerações e públicos da cidade. Espaços expositivos e de workshop são dispostos no programa afim de propiciar estas atividades. Todos os ambientes projetados são conectados por pátios internos que exibem um rico paisagismo. Por sua vez, todo o edifício é acessível na medida que pode ser percorrido por rampas, desde o subsolo até último pavimento. SENSO DE LUGAR O sentimento de pertencimento é um desejo assíduo na proposta. Suprir a demanda dos moradores por espaços livres e flexíveis é de vital importância para estruturar as relações com o espaço. Atividades que aproximem os locais da vida pública e reconhecem o papel da memória beneficiam a vivência na cidade como um todo.
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