Resumo
As ferrovias do Rio de Janeiro historicamente delimitam um eixo estruturante no desenvolvimento e desenho dos bairros. No entanto, elas não somente estabelecem direcionamentos da malha urbana como também delimitam territórios. O elemento do muro, presente ao longo de aproximadamente 270 quilômetros desse traçado, evidencia a naturalização de propriedade sobre um vasto território da cidade. Essa infraestrutura de transporte é previamente disposta no espaço em um âmbito pendular-linear de tráfego de pessoas e mercadorias, evidenciando o caráter programático das ferrovias. Contudo, é perceptível uma permeabilidade dessa lógica no território ‘entre muros’, possibilitando que pessoas e mercadorias fujam da linearidade, façam paradas, estadias, acessem produtos, serviços, trocas, e voltem ou não para o trânsito. Essa dinâmica de ‘desembarreiramento’ pelos próprios usuários caracteriza uma contestação de divisões rígidas de poder (STAVRIDES, 2020), levando a novos arranjos no espaço urbano que expressam a criatividade coletiva na manifestação do direito à cidade. Interpretando esse processo como mais do que meras explorações sobre a informalidade, busca-se estabelecer ao longo deste trabalho uma metodologia experimental e projetual sobre essas dinâmicas cotidianas, como contributo para a compreensão da cidade em toda a sua intensidade e especificidade. E dessa forma, com o auxílio da IA, trazendo um ímpeto crítico sobre a realidade da metrópole para potencializar a possibilidade de transformação da mesma sob o olhar dos novos futuros urbanos.
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