A Passarela da Gardênia, localizada entre Jacarepaguá e Barra da Tijuca, trouxe um debate sobre a mobilidade na região, onde a comunidade e os ‘‘inimigos’’ do outro lado dos muros (os shoppings, os grandes supermercados, condomínios fechados) travam uma disputa de solo, seja por meio de suas influências, invasão de terrenos ou controles estratégicos de travessias. Essa disputa é resultado de como é visto e entendido a produção das cidades e suas infraestruturas, lidas como meras construções técnicas. Dessa forma, este trabalho tem interesse em explorar essas disputas de solo e como elas podem vir a se tornar um espaço comum, onde essas duas faces morfológicas, o compacto e o disperso, se encontram. A estratégia desse trabalho foi a criação de um dispositivo que contaria com uma estrutura principal que fosse definida a partir da classificação dos estudos das disputas de solo locais, assumindo duas posturas: uma mais espraiada e uma mais estreita, com características furtivas para que possa lidar com os movimentos de fricção. O dispositivo é composto de elementos arquitetônicos comuns (a rampa, o guarda-corpo, a marquise), utilizados por práticas da informalidade, que tem seus usos desdobrados pela ocupação local para serem apropriados e responder, qual seria a nova figura política dentro do espaço metropolitano atual. O potencial desse espaço gerado é levado a um novo patamar de importância, quando replicado ao longo da região, produzindo uma super rede de espaços caminháveis.