• Autor Isabelle Gama Falcão
  • Ano 2023/1
  • Coorientador ---
  • Resumo

    Este trabalho tem como objetivo o desenvolvimento de um projeto de interesse social com um viés feminista a partir da investigação das habitações sociais existentes, juntamente à análise dos dados encontrados. Entretanto, com os problemas identificados na pesquisa sobre o déficit habitacional brasileiro, onde além das questões sobre direito à cidade inseridas ao debate, pode-se perceber que as mais afetadas nestas estatísticas são do gênero feminino, que apesar de corresponderem a maioria da população, são minoria na titularidade de posse. Nesse contexto, busca-se avaliar projetos de habitação social para compreender a espacialidade do modelo patriarcal de habitar que impera desde os tempos coloniais como uma reprodução social que consequentemente prejudica as mulheres. Percebe-se nas ocupações a necessidade de repensar a forma de habitar reproduzida nos modelos atuais, visto que nestas habitações surgem novas formas de morar a partir das necessidades dos ocupantes, em sua maioria mulheres. Isso pode ser observado através de espaços coletivos que ajudam a compor renda, ou realizar a manutenção das edificações e principalmente através do acolhimento coletivo, onde criam-se espaços de trabalho e cuidado em que é possível cuidar das crianças, como o restaurante e a creche. Essa ressignificação na forma de habitar também pode ser observada nas áreas de convivência e no interior das habitações onde os locais de serviço são encontrados na centralidade da residência. Este projeto surge como uma crítica ao modelo patriarcal, apresentando um ponto de vista feminista que visa melhorar a qualidade de vida através da infraestrutura adequada para as mulheres no âmbito doméstico. É importante ressaltar que o pensamento arquitetônico deste estudo, busca viabilizar e equiparar as desigualdades de gênero fundamentadas nas edificações, assim o objeto de estudo é um edifício da União abandonado há quase 30 anos: o número 53 da Avenida Venezuela, no bairro Gamboa. Este edifício foi ocupado por movimentos de moradia duas vezes, e por outras pessoas não associadas aos movimentos ao longo desses 30 anos, entretanto mesmo com as remoções dos seus ocupantes continua ocioso numa área com forte interesse imobiliário, intensificado com o programa da prefeitura Reviver Centro que promove a construção de mais moradias sem considerar habitações populares. Assim, o projeto visa requalificar o antigo edifício da IAPETEC, que descumpre sua função social, através da ótica feminista de habitar com interesse social.


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