• Autor Denisse Gisell Neuman Gómez Sánchez
  • Ano 2023/1
  • Localização -27.2014, -58.2036
  • Coorientador ---
  • Resumo

    Ao longo da história do Paraguai, marcada por cenários de guerras e ditaduras, precariedade na educação, na inserção das manifestações culturais, esquecimento e indiferença em relação aos sítios históricos e patrimônios culturais do país, tornaram-se cotidianos no imaginário do cidadão paraguaio o desinteresse e desapego em relação à própria cultura. A soma de todos esses acontecimentos foi deixando como herança uma sociedade desintegrada e apática que não se preocupa com o futuro da identidade do país. Assunção, a capital do país é conhecida como “Mãe de Cidades”, pois durante o período de domínio espanhol, de lá partiram várias expedições com o intuito de fundar outras cidades do cone sul americano, entre elas, a própria cidade de Buenos Aires. A partir desses dados, surgiram os questionamentos sobre a memória que se tem desses fatos, dos inícios da cidade e do país. Por onde começou? Quais foram os primeiros bairros? Quem habitou estes lugares que fizeram caminho para a construção da identidade do Paraguai? Por quê até hoje se fala pouco ou nada sobre isso? Historicamente o Paraguai foi invisibilizado pelo mundo depois da guerra da tríplice aliança, e se um pais inteiro foi vítima do esquecimento e da invisibilidade, que dirá os seus territórios periféricos? Pois são estes territórios as sementes do que anos depois viria a ser a “Mãe de Cidades”. La chacarita, um dos bairros mais antigos e emblemáticos da capital do Paraguai, atualmente é alvo de preconceitos e um dos lugares mais marginalizados do país, devido a uma série de problemas (corrupção, analfabetismo, prostituição e delinquência). Por outro lado, é um bairro cheio de arte e história que no seu interior, abriga o sitio histórico “Punta Karapá”, considerado o berço da música paraguaia, da poesia e que contém traços da arquitetura guarani entre outros elementos característicos da identidade do país. Este sitio histórico, que abriga patrimônios culturais em seu núcleo, apesar de sua tradição de luta e de variados grupos sociais, políticos e culturais, não parece ser interessante para o mundo e nem para o Paraguai. Assim, este trabalho busca, por sua vez, agir como ferramenta de colaboração com a recuperação da memória e o reconhecimento desses lugares históricos do país. Como nos diz Carlos Nelson, cidades "são livros abertos, que a cada instante dizem aos que estão neles não só onde estão, mas quem são e quem são os outros”. Assim, por meio da proposta de um circuito urbanístico que dá visibilidade aos ícones esquecidos de Punta Karapá e às riquezas da cultura local, o trabalho convida ao Paraguai e ao mundo ao re-conhecimento da identidade Paraguaia.


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