De acordo com dados do CAU/BR-Datafolha, a figura do arquiteto se faz pre - sente em apenas 7% de construções ou reformas da parcela economicamente ativa da população. Podemos afirmar que enfrentamos um descolamento do exercício profissional com a real construção da cidade. Em seu artigo “Habitação - O Que é Mesmo Que Pode Fazer Quem Sabe?” Carlos Nelson F. dos Santos discorre sobre a complexidade da questão e suas consequências no campo da habitação, refletindo sobre ações que podem efetivamente ser tomadas pelos arquitetos e urbanistas. Para o autor, uma visão afastada do problema acaba por perpetuar uma homogeneização de suas causas determi - nantes, gerando uma certa imobilização na pequena escala - a qual o arquiteto pode agir. O afastamento da profissão é evidenciado diante de uma prática que perdura e se reelabora, enquanto a enfrentamos “do lado de fora” (Santos, 1982). Se faz necessário um direcionamento para o que de fato é realizado no campo da arquitetura. O número expressivo das edificações nas periferias evidencia uma lógica pre - dominante na produção da habitação que é pouco explorada. É principalmente na pequena escala que a maioria da população atua. É possível desempenhar um papel expressivo e relevante a partir da combinação de ações em recortes pequenos e específicos, conferindo a existência da cidade na reprodução de situações e programas comuns. É no cotidiano que são tomadas as decisões de uma tentativa - ou não - de mudança. A partir desse entendimento, o tra - balho busca - por meio de um exercício projetual - se infiltrar num contexto dado, visando uma estratégia alternativa aos grandes projetos de habitação frequentemente encontrados ao longo do curso de arquitetura e urbanismo. Vale ressaltar a importância dos projetos que operam em larga escala, muitos podendo ser considerados fundamentais no desenvolvimento da arquitetura no Brasil. O trabalho não tem como objetivo negar essa estratégia projetual - nem colaborar com um pensamento dicotômico entre certo e errado - mas visa um redirecionamento de olhar, expandindo a gama de possibilidades de atuação profissional. Ao se aprofundar na pequena escala, são reveladas no - vas potencialidades projetuais antes não exploradas em situações e progra - mas comuns. Assim, entendendo e apostando na potência dessa replicabilidade, o trabalho se propõe a atuar nas periferias do Rio de Janeiro, resolvendo uma habitação em um lote de dimensões recorrentes no município de São João de Meriti - Baixada Fluminense.