• Autor Diego Pinheiro Rodrigues
  • Ano 2021/2
  • Localização -22.9019136, -43.1801219
  • Orientador Ana Paula Polizzo
  • Resumo

    Resumo: Este trabalho consiste em um ensaio proposto a partir da constatação de uma estrutura arquitetônica muito presente nas cidades contemporâneas: os edifícios-garagem. Com isso, busca-se entender a relação urbanística e arquitetônica de tais edifícios com o meio inserido. O trabalho busca problematizar a lógica política e social, a partir do sistema rodoviarista, que resultou na realidade material atual da cidade. Parte-se da percepção de que são edifícios inseridos no nosso cotidiano e que por terem o carro como o “habitante” principal, tem suas qualidades despercebidas. Porém em suas atuais configurações, negam de alguma forma a cidade e buscam a escala e a velocidade da máquina. Pretende-se refletir sobre uma certa futurologia do uso dos carros, consequentemente dos edifícios que eles habitam. O recorte espacial é o Centro do Rio de Janeiro por representar uma área que acumulou diversas transformações culminando em respostas à problemática do automóvel. Com isso a sociedade do carro, aqui discutida, já se mostra incompatível com o modelo de sociedade atual e junto a ela tudo aquilo em que representa a soberania do transporte individual automotivo. O presente trabalho, de forma crítica, pretende potenciar qualidades intrínsecas aos edifícios garagem e questionar sobre possíveis reinterpretações. Não existe a intenção de fazer um projeto positivista para o edifício-garagem, a fim de criticá-lo e transformá-lo apenas. O título “ensaio para um manifesto” exemplifica esse desejo e contém em si uma ambiguidade. Se por um lado demonstra que o trabalho se insere no campo do ensaio e da crônica, ele também mostra claramente uma abertura no que trabalho pode vir a se tornar um dia. A partir disso, foram tomados dentre muitos, dois manifestos como inspiração: O “Aprendendo com Las Vegas” (1972) de Robert Venturi e Denise Scott Brown e o manifesto retroativo de Rem Koolhaas “Nova York Delirante” (1978). O primeiro por se interessar no anônimo, popular e consequentemente na celebração da cultura de massas. Já o segundo por utilizar do surrealismo que lhe permite escancarar o realismo e ao mesmo tempo distorcê-lo. Desta forma, a estratégia de ironizar e utilizar dos artifícios gráficos para isso se mostrou indispensável para uma completa compreensão de toda a proposta deste trabalho. Outro interlocutor que moldou o pensamento do trabalho foi Luiz Antonio Simas com o livro “O Corpo Encantado das Ruas”. Este livro lança suspiros em meio a um Rio de Janeiro em que as essências cariocas estão perdidas. Simas exemplifica como a nossa história pode ser contada por outro viés, a partir da nossa cultura não domada e nossos saberes, a partir das nossas vivências e sobrevivências. Desta forma o trabalho pretende questionar, criticar e ironizar o edifício-garagem a partir de suas potencialidades, sem nenhuma intenção de ditar verdades. Temos então a mistura do entendimento de cidade e do edifício a partir dos estudos da própria disciplina com a “carioquisse”. A banalidade do edifício e a banalidade da vida cotidiana se encontram no edifício garagem em uma celebração.


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