• De Abril a Janeiro – Projeto experimental para o Catumbi: camadas, estruturas e objeto retornar à pesquisa
  • Autor Jordan Soares Rocha
  • Ano 2021/1
  • Localização -22.914385, -43.195174
  • Resumo

    O entendimento de espaço residual começa com o texto de Ignasi de Solà-Morales de 2003, intitulado “Terrain Vague”, termo utilizado para designar o surgimento de espaços dentro das cidades já consolidadas que, com o passar do tempo e o desenvolvimento urbano, tornaram-se vazios não utilizados, impróprios, inseguros e insalubres como descrito na publicação. Uma observação importante é que não podemos generalizar e considerar qualquer área não edificada nas cidades como um “terrain vague” ou espaço residual, tradução para o português. Precisamos intender primeiro como aquele espaço surgiu e o que o caracteriza como área não utilizada, desvinculando, por exemplo, a classificação das áreas públicas como praças e parques que se encontram nessas condições por falta de manutenção e segurança. Dois dos fatores que levam o surgimento do espaço residual são o desenvolvimento urbano rodoviarista e a implantação de mega equipamentos dentro das cidades. O Rio de Janeiro, por volta dos anos 1940, 50 e 60 acompanhava a consolidação dos bairros que hoje são conhecidos como os mais tradicionais da cidade, na região central, na zona sul e alguns bairros da zona norte, não só ao nível territorial, mas também como perfil de ocupação. Neste mesmo período, a cidade recebeu vários projetos arquitetônicos e de infraestrutura urbana. Assim foram feitas inúmeras obras que resultaram no território que conhecemos hoje, uma delas é a ligação rodoviária entre a zona portuária e a zona sul, trecho que começa pelos bairros Gamboa e Santo Cristo e termina em Botafogo com aproximadamente três quilômetros de vias com velocidade média de 80 km/h. Ao lado desse trecho, no bairro do Catumbi, foi construído o sambódromo do rio na década de 1980. Um mega equipamento que se assemelha em escala ao elevado 31 de março, pertencente a este trecho, mas que contrapõe com as demais edificações da região. Ate hoje, esses foram os principais projetos que o bairro recebeu, permanecendo o sentimento de descaso abandono e falta de planejamento. Então como reciclar uma região que geograficamente é muito privilegiada, mas que não é vista com seu potencial? Planejando uma cidade crescente em camadas e com um sistema que possibilita sua expansão exponencial, quase que autônoma e aleatória. Os projetos rodoviaristas, fragmentações do tecido urbano e a implementação de um mega equipamento de uso temporário levou o Catumbi ao isolamento, perdendo suas conexões e as relações com a vizinhança, agora dificultada por vias de trafego intenso e rápido de veículos, sem dizer a desvalorização que a região sofreu para o setor mobiliário. A proposta de recuperação da vivência de bairro parte da hipótese de uma arquitetura condensadora de atividades e funções, capaz de aproximar as escalas arquitetônicas, dinâmicas urbanas e atravessamentos no ritmo do pedestre. Organizado em níveis, os programas propostos oferecem aos moradores da região serviços de lazer e utilidades cotidianas, favorecendo uma utilização em tempo integral ao mesmo tempo que retoma a conexão Catumbi – Santa Tereza com um atravessamento livre e independente.


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