Resumo
Parte-se da observação de dois corpos em seu ambiente doméstico mínimo quando, então, a vida real emerge do script preto e branco para o qual o espaço foi originalmente projetado. A metáfora “casa-estojo”, de Walter Benjamim, adapta-se para o binômio apartamento-gaveta e por que não, no conjunto, edifício-armário. A cidade do Rio de Janeiro está repleta deles; os antigos edifícios de quarto de aluguel foram substituídos pelos edifícios de quitinete, onde a domesticidade é engavetada, padronizada e sufocada: mas nós precisamos de ar! Busca-se, então, um novo binômio: edifício-trampolim; como um objeto que te lança no ar, é instigante e tem valor no próprio uso – em contraste com a natureza restritiva e utilitária do armário. A esse ponto, a tipologia é repensada de modo a fazê-la respirar e a valorizar os vazios, ampliando-os e qualificando-os. Para tal, Gordon Matta-Clark é uma referência no que tange o decrescimento e o desfazimento do espaço. Por fim, tomando por base o próprio edifício no qual os corpos foram estudados inicialmente, propõe-se uma transformação espacial e tipológica; partindo da estrutura existente e propondo ações pontuais de subtração e adição volumétrica e estrutural em busca de borrar e complexificar barreiras entre dentro e fora, acolher o devir, potencializar espaços externos e fazer o edifício respirar. Mais do que nunca, precisamos de ar!
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