O projeto pretende construir uma memória sobre os povos canoeiros que ocupavam a região: seus modos de habitar, suas relações com o ambiente, e sua dimensão transcendente. A integração entre paisagem, cultura e memória é perseguida e constitui elemento-chave do trabalho, num movimento que reconhece a importância dos povos originários locais. A partir da distensão no tempo da percepção da presença humana na região para milhares de anos antes da ocupação européia iniciada no séc. XVIII, valoriza-se o dado de que a construção da sociedade local contemporânea se deu a partir de diversas matrizes culturais. O projeto não constitui um museu no sentido tradicional do termo. O enfoque tem como elementos programáticos centrais a proposição de experiências ativas de finalidade educacional por parte e para o visitante. A exposição de artefatos é feita de forma secundária, apenas com o objetivo de colocar o visitante em contato com elementos materiais das culturas referenciadas. Não nos propomos à exposição cronológica ou museológica tradicional das peças. A experiência compreende o acesso ao lajedo de pretroglifos da fazenda Figueirinha, onde há o registro em pedra da transcendência como entendida por aquela(s) cultura(s); um pavilhão educacional, que busca através de atividades que resgatam aspectos culturais dos povos canoeiros como a produção cerâmica e culinária conforme as feitas no passado por aquelas populações; e um pavilhão de recepção, onde há o primeiro contato do visitante com os funcionários do equipamento e um espaço de estar integrado a elementos da paisagem e da cultura referenciada. As decisões projetuais são feitas no sentido de gerar a referida memória e apresentar aspectos culturais dos povos canoeiros e estão expressas a partir da arquitetura proposta, de modo mais controlado e direcionado, e na experiência da paisagem com todos os elementos fenomenológicos que a compôem, livremente pelo usuário.