Após uma época de mega-eventos, investimentos e intervenções urbanas, o legado deixado para a população carioca inclui um Rio de alagamentos, inundações, deslizamentos e perdas a cada forte chuva que atinge a cidade. Naquele período, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) investiu milhões de reais em intervenções urbanas em três grandes favelas cariocas: a Rocinha e os Complexos do Alemão e de Manguinhos.

Em Maguinhos, cujo principal problema enfrentado historicamente pela população é a ocorrência de inundações a cada forte chuva, a rubrica de “Saneamento Integrado” não foi suficiente para que os recursos destinados através do PAC priorizassem a solução do problema. Os interesses das três esferas de governo e das grandes empreiteiras que financiaram suas campanhas eleitorais é que ditaram as decisões de planejamento e projeto.

Neste cenário, o presente trabalho pretende discutir alternativas de intervenção para Manguinhos que ponham o saneamento em questão, aliando soluções técnicas já existentes a um olhar sobre o espaço, a população e demais agentes produtores daquele espaço urbano. O desafio é propor um modelo de intervenção que não dependa de grandes obras e empreiteiras, mas que propicie a construção colaborativa de soluções para os problemas identificados. De modo a permitir a apropriação e o controle social nas decisões de projeto e planejamento e na gestão do realizado.