• Autor Kathelyn da Silva Gandra de Souza
  • Ano 2019/2
  • Localização -22.83125, -43.303167
  • Orientador Priscilla Peixoto
  • Resumo

    Brás de Pina, um território marcado pela descontinuidade espacial

    Brás de Pina, inserido na Zona norte da cidade do Rio de Janeiro, é um bairro com características residenciais marcantes, principalmente nas áreas onde se iniciou a ocupação do bairro, na década de 1930, pelo plano de cidade jardim Villa Guanabara, cujas qualidades urbanísticas permanecem no bairro até hoje, tendo praças, escolas e outros equipamentos que ainda atendem a área de forma eficaz.

    No entanto, além de aspectos positivos, Brás de Pina é marcada também por uma significativa “descontinuidade espacial”. Entre as duas áreas em que se iniciou a urbanização da região situam-se favelas – Morro da Mangueirinha e Goaoba -, uma linha de transmissão e um parque industrial em franca decadência. Trata-se, portanto, de um território marcado pela vulnerabilidade socioeconômica e pelo déficit habitacional que tem exacerbada sua situação de precariedade pela poluição dos rios sobretudo o Rio Quitungo. Além da falta de atividades e espaços públicos que atendam, sobretudo esses territórios fora do plano Cidade Jardim.

    O Rio Quitungo, um elemento estruturador

    O rio se encontra nos limites entre as zonas de cidade jardim, favela e indústria, assim como outros rios no bairro apresenta um grande percentual de poluição, porém torna-se um eixo muito mais complexo devido a sua inserção no contexto do bairro. O rio passa por quadras residenciais, diferente dos outros não está isolado das construções por faixas de rolamento, o que fez com que suas margens não fossem devidamente protegidas. Atualmente o Rio apresenta uma enorme quantidade de moradias fixadas em suas margens, dezenas de pessoas vivendo em situação de risco. Devido a seu nível de complexidade foi escolhido como eixo estruturador do projeto urbano

    O projeto

    O projeto em questão tem como objetivo atenuar os problemas descritos acima e, ao mesmo tempo, valorizar a qualidade urbana das áreas planejadas do bairro.

    Propõe-se, portanto, um projeto urbano estruturado a partir de quatro eixos principais:

    1. Amenizar a poluição do Rio Quitungo e requalificar o bioma de suas margens;

    2. Realocar os residentes impactados pelas intervenções na margem do Rio e habitantes de áreas de risco;

    3. Qualificar os espaços públicos;

    4. Ampliar a oferta de equipamentos públicos.

    Estes quatro eixos, por conseguinte, ajudam-nos a melhor delinear o programa da proposta. Ele será composto por:

    - Realocação de residências: construção de novas residências em terrenos vazios próximos, substituindo moradias em estado precário, situadas nas margens do Rio Quitungo.

    - Início do processo de despoluição: reestruturação dos leitos de rio alargamento de margens e implantação de sistemas de wetlands construídos, uso de vegetação como agente ativo de tratamento, que se utilizam de plantas macrófitas capazes retirar a matéria orgânica da água.

    -Construção de um parque ao longo do Rio Quitungo, maior potencial de aproveitamento, criação de áreas verdes e espaços públicos.

    - Revitalização das áreas públicas existentes no bairro: praças e campos de futebol.

    - Conexão entre áreas públicas por meio da requalificação do sistema viário de modo a potencializar as áreas de pequeno e médio comércio.

    O Parque

    Para melhor exemplificar o conjunto de proposta aqui esboçadas, detalharemos a intervenção no trecho compreendido entre a Rua Rio Preto e a Rua Almirante Luiz Maria Piquete. Acredita-se que este recorte apresenta todos os aspectos que buscamos enfrentar e pode ser pensado também como a área central do projeto

    O trecho pensado como área central do parque, integra espaços de estar, lazer e recreação, interligados a habitação e pequeno e médio comércio de pequeno e médio porte. Passando ao parque propriamente dito, pode-se se dizer que boa parte de seu partido é articulado por uma série de platôs que se voltam para a contemplação do rio Quitungo.

    Cada platô configura diferentes ambientes, tais com: área para alimentação com quiosques, áreas de estar e descanso, redários, espaços de recreação para crianças, quadras de esporte, academias públicas, áreas para apresentação artística, áreas de exposição, recreação com água e arquibancadas.

    Já o trecho mais a sul que segue da estrada do Quitungo e vai até a Rua Rio Preto, em função do relevo curso do rio, esta região receberá o principal área de wetland e, conjugado à função de tratamento das águas servidas, busca incorporar também um atividades contemplativas.


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