O projeto tem por motivação tratar dos inúmeros edifícios abandonados atualmente no Brasil, afim de colocar em foco a grande potencialidade por trás desses vazios urbanos, que representam hoje uma enorme parcela da realidade dos edifícios em território nacional. A vontade de amenizar os altos indicies de déficit habitacional atuais, proporcionando dignidade ao morar para a população brasileira, entendendo principalmente a conjuntura atual - onde a especulação imobiliária atinge patamares altíssimos, com o aval do poder público, e ainda, diante da baixa valorização da mão de obra e a falta de empregos, principalmente nas grandes capitais metropolitanas, como o Rio de Janeiro - associar a revitalização de edifícios sem uso para o desenvolvimento de habitação de interesse social, torna-se um potencial caminho para a transformação da falta e inadequação das moradias atuais e da maneira de morar. Além disso, a ideia de revitalização proporciona economia e acelera o processo de construção, reforma e regularização de moradias, a partir do momento que se aproveita as potencialidades e existências de uma edificação já construída. Como vantagens ainda, a ação de reativar e repovoar um imóvel abandonado acaba, como consequência, reativando e repovoando também seu entorno, gerando mudanças nas relações com a cidade e maior segurança. O bairro de Vaz Lobo é a localidade escolhida para a construção do projeto, a partir das observações feitas do potencial de sua estrutura urbana, além das análises quanto ao valor de venda e aluguel de imóveis apontarem o local como um dos mais baratos do Rio de Janeiro, tornando a sua construção mais viável em termos de mercado. Distante cerca de 23 km do Centro, Vaz Lobo faz limite com os bairros de Madureira, Vicente de Carvalho e Irajá, bairros esses que também contam com uma boa oferta de comércio e serviços variados e transportes (BRT, metrô, trem, ônibus, etc.). O edifício que sofrerá a revitalização, situado na Av. Ministro Edgard Romero, é um típico vazio urbano que não cumpre qualquer função social. O imóvel abandonado da antiga Universidade Nuno Lisboa, traz uma oportunidade de renovação urbana, visto que está inserido num contexto com fortes relações sociais que necessitam ainda serem potencializadas, a fim de melhorar a imagem anônima associada ao bairro e desabrochá-lo para a cidade de uma maneira geral. PROPOSTA: A ideia de permeabilidade do solo, que possibilita a integração de edificações privadas com o espaço público que o envolve e aproxima a cidade, irão servir de base para a proposta de revitalização do edifício. Será proposto a partir disso, aproveitar o miolo de quadra, que poderá ser acessado por entradas distintas. Nessa configuração, os blocos irão permanecer ocupando o perímetro da quadra, utilizando a estratégia de alturas diferentes a fim de criar um espaço livre no térreo, com praças e novas passagens, permitindo maior permeabilidade ao pedestre, que pode andar pelo interior dos blocos, sem maiores obstáculos. A quadra livre em seu interior, ainda irá permitir a diversidade de usos no térreo. A respeito disso, o edifício sofrerá com modificações em sua volumetria para garantir maior permeabilidade em seu interior, mais leveza e unidade, as aberturas em seu perímetro foram geradas para integrar mais o edifício aos seus vizinhos e estar mais convidativa aos usuários do bairro, a respeito disso, como forma de atrair maior movimento ao bairro, o térreo da nova edificação foi pensando com o objetivo comercial aberto ao público, aproveitando a grande abertura para gerar negocios comerciais, principalmente, devido a proximidade com o bairro de Madureira. Dessa forma, demolições foram feitas como fator primordial para garantir a efetiva construção dessa ideia.