• Autor Beatriz Lopes Maciel
  • Ano 2019/2
  • Tema(s)
  • Localização -22.908792, -43.210422
  • Resumo

    “Na realidade concreta do mundo de hoje, os lugares e os espaços, os lugares e os não-lugares, misturam-se, interceptam-se. A possibilidade do não-lugar nunca está ausente de qualquer lugar que seja” (Augé, 2012, p.98). De acordo com Marc Augé, não-lugares são produtos da super modernidade, do tempo moderno rápido. São lugares com muito trânsito de indivíduos, mas com pouca relação de identidade com esses indivíduos. São aeroportos, estações de trem, terminais de ônibus, rodoviárias. Como produtos da super modernidade, os não-lugares se formam na cidade a partir da crescente necessidade de transporte em massa e do aumento do número de carros, e da escolha de focar projetos de revitalização em certas áreas em detrimento de outras, muitas vezes históricas que foram abandonadas. A área da Avenida Francisco Bicalho, próxima à antiga Estação de Trem Leopoldina, tem a vocação de não-lugar – é um ponto nodal de transporte, tem muito fluxo de carros, ônibus e pessoas, tem uma grande quantidade de pontos e linhas de ônibus, não é um local com muitos usos de permanência. O objetivo do projeto é, então, fazer uma intervenção nesta área, para que os fluxos existentes sejam melhorados e para que o espaço seja mais bem utilizado. Um não-lugar também pode ser um espaço sem significado permanente, mas que cria significado a partir do uso por algum indivíduo. Levando em conta o conceito de não-lugar, o projeto trabalha com elementos de apoio para o uso livre do espaço. Pavimentação, decks elevados, cobertura e vegetação são organizados em camadas para que sejam criados espaços capazes de serem interpretados pelas pessoas de várias maneiras diferentes. Esses elementos oferecem proteção contra sol e chuva, criam ambientações diferentes com vegetação e áreas elevadas, sem obstruir a visão do resto do parque, e oferecem diversas opções de assentos e permanência. Além disso, os fluxos existentes são melhorados e novos fluxos são criados, com o próprio espaço do parque sendo um direcionador de fluxos. Com estes elementos é possível dar suporte à apropriação de um espaço sem definir o significado dele, fornecendo os materiais urbanísticos necessários para que seu significado mude a partir de quem o usa. A existência de não-lugares na sociedade contemporânea e a individualidade das pessoas cria a necessidade de um espaço em que todas essas individualidades possam ser acolhidas e assim ressignificar o espaço urbano para a sociedade.


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