• Autor Isabela Couto Barcia
  • Ano 2018/2
  • Localização -22.936735, -43.177851
  • Resumo

    As cidades metropolitanas sofreram diversas intervenções em seu território que culminaram na forma como são encontradas atualmente. O crescimento econômico e populacional, bem como, interesses políticos, são motivadores das transformações no tecido urbano, principalmente através de métodos que recorrem a demolições e reconstruções. Na cidade do Rio de Janeiro, esse método é utilizado recorrentemente em diversos períodos da sua história. A construção do metrô, a partir da década de 1970, é um exemplo desse recurso, o qual foi construído a maneira “cut and cover”, que é a construção a céu aberto, com formação de grandes canteiros de obras por toda sua extensão, acarretando em demolições que deixaram marcas permanentes no tecido urbano. Algumas dessas marcas manifestando-se através de empenas cegas, becos, corredores de fluxos e respiradouros. Em sua maioria, essas áreas apresentam projetos que não valorizam e não estimulam a coletividade na sociedade, tornando-as subutilizadas ou tendo como principal função o comércio estimulado pelo o fluxo de usuários do metrô. A desvalorização do uso coletivo desses espaços e sua localização privilegiada em centros econômicos torna-os atraentes à lógica especulativa, o que acarretou a criação da Lei Complementar n°98/2009 que tem como intenção a venda e ocupação dessas áreas. Esses espaços residuais mal resolvidos do metrô, que geram reflexos físicos, sociais e políticos, disparam as inquietações para o desenvolvimento do presente trabalho, que busca propor alternativas à lógica especulativa em uma dessas localidades. Foi utilizada como estudo de caso a Praça Sandro Moreira, nas proximidades da estação do Flamengo, próximo à favela Morro Azul, uma área que se comporta como um corredor urbano, marcado por empenas cegas na paisagem, onde a principal atividade desenvolvida é o comércio de ambulantes motivados pelo fluxo de passageiros. O trabalho busca propor uma crítica ao projeto atual de perda dos espaços públicos da cidade, desenvolvendo uma arquitetura que seja um contraponto a essa Lei Complementar e que estimule a coletividade e o uso do espaço público, através de uma arquitetura não automática, que permita dar mais liberdade aos indivíduos, estimulando ocupações espontâneas no espaço sem pré-determinar uma forma de organização, utilizando-se do conceito de Aldo Rossi (2001) de que a “Arquitetura em sentido positivo, como uma criação da vida civil e da sociedade em que se manifesta; ela é, por natureza, coletiva”.


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