Resumo
Quais histórias são contadas pelas ruas, museus, monumentos e memoriais? Quais narrativas são invisibilizadas no espaço urbano? Esses questionamentos foram pontos de partida na construção dessa pesquisa, mobilizada por duplo objetivo: i. colocar luz sobre as lutas e trajetórias da população negra na Pequena África, território consolidado na zona portuária do Rio de Janeiro no final do séc XIX; ii. contribuir para o debate sobre racismo e relações étnico-raciais dentro do campo da arquitetura e do urbanismo, através da análise crítica dos projetos urbanos empreendidos na região ao longo do séc XX e o impacto desses na existência dessa comunidade. Para Abdias do Nascimento, aquele que não tem passado, não tem presente e não poderá ter futuro, portanto a investigação desses processos e o resgate da memória são fundamentais para pautar o direito à cidade. Desse modo, através da cartografia, foram mapeados marcos das territorialidades negras, como terreiros de candomblé, casas de religiosos, zungus, cortiços, eventos e personalidades negras, a partir de fontes como jornais, crônicas e bibliografias históricas. Também foram espacializados os projetos urbanos implementados, evidenciando a correlação entre as políticas higienistas de remoção atreladas a modernização da cidade e o esfacelamento e a invisibilização dessa comunidade no território. Compreendemos que o racismo presente nas práticas de planejamento urbano contribuem para o projeto em curso de branqueamento do território.
Universidade Federal do Rio de Janeiro - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - Midiateca FAU/UFRJ 2019 ® | Todas as imagens protegidas por direitos autorais.