Resumo
A ideia de trabalhar com o tema da arquitetura penitenciária, vêm de um desejo de repensar os espaços de vivência humana, seja ele qual for, principalmente os que são isolados ou excluídos da sociedade. O sistema penitenciário brasileiro como um todo apresenta grandes falhas, descaso e falta de investimentos, com a arquitetura não deixa de ser diferente, muito pelo contrário, encontramos unidades prisionais geralmente isoladas e afastadas dos centros urbanos, numa busca de esconder da população aqueles que já estão excluídos do convívio social. Não somente isolados na cidade, mas os espaços internos também reforçam a ideia e condição de reclusão, muitas vezes mal iluminados e ventilados, são fatores que contribuem para os baixos índices de recuperação desses indivíduos. O projeto tem foco na arquitetura prisional para jovens menores de idade que cometem infrações, (no Rio de Janeiro o programa chama-se Nova Degase), e se opondo ao cenário atual descrito acima, busca trazer a unidade de recuperação para o Santo Cristo, um bairro central da cidade do Rio de Janeiro, abrindo se para a comunidade e buscando novas relações entre jovens x sociedade. O programa é essencial no estabelecimento dessa relação, a ideia é garantir que os direitos garantidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente sejam mantidos, com exceção do direito de ir e vir que será temporariamente restringido. Para tal, o programa é composto por unidades residenciais, separadas por gênero e por idade; área de educação com salas de aula, biblioteca, auditório, laboratórios; oficinas profissionalizantes com diferentes focos e parcerias com empresas locais como marcenarias, oficinas mecânicas, culinária, costura e artesanato; área de comércio nas fachadas para substituir o uso do atual muro como separação entre interior x exterior do terreno, e que possibilitem que os jovens, após cumprirem seu tempo de reclusão tenham acesso à um ponto comercial onde possam colocar em prática as habilidades aprendidas nas oficinas ou outros negócios pessoais; umas área destinada ao cuidado e adoção de gatos e cachorros, que possibilitem um contato dos jovens educandos com esses animais contribuindo para a criação de laços afetivos; quadra poliesportiva, que pode receber as feiras de adoção e eventos festivos com as famílias; hora; espaço para feira comunitária; área de saúde com apoio ginecológico, psicológico, odontológico e clínico geral, não somente para os jovens mas para a comunidade também; área de visitas; administração; serviços; guarda e segurança. A implantação dos edifícios foi pensada a partir dos alinhamentos existentes entre as três ruas que fazem frente com o terreno. Além disso procurou-se também manter alguns alinhamentos com edifícios vizinhos, principalmente os quatro sobrados que cortam o terreno, integrando eles novamente ao desenho da quadra.
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