Resumo
O trabalho busca refletir sobre o significado das ausências e presenças na paisagem através do projeto do Memorial do Castelo. Partindo de um caminhar na conhecida região do Castelo no Centro da cidade do Rio de Janeiro, foram sendo descobertos inúmeros vestígios, rastros, rupturas que denunciaram ser essa ausência ainda uma presença na paisagem. Como processo de trabalho para o encontro do sítio de intervenção, utilizou-se a sobreposição de camadas de tempo através de mapas e planos urbanísticos antigos. No revolver desse solo foi encontrado na Praça do Expedicionário um sítio arqueológico com diversos fragmentos espectrais enterrados além daqueles ainda físicos que compõem os limites dessa praça. Projetado a 30m sobre a Praça do Expedicionário esteve um dia, no Morro do Castelo, o Complexo dos Jesuítas, um dos três marcos edificados mais importantes dessa ausência. A presença da Ladeira da Misericórdia e o Muro de Contenção da Santa Casa da Misericórdia são hoje os fragmentos físicos mais eminentes dessa ausência, mas não os únicos. Após a demolição do Morro do Castelo, muitos fragmentos foram dispersos pela cidade, muitas narrativas, pinturas, fotografias e músicas ainda guardam essa memória. O projeto então se desenvolve como um site-specific-indicial através dos indícios físicos, mas também espectrais dessa memória encontrados durante o processo de sobreposição de camadas de tempo retomando nos espaços do Memorial os diversos fragmentos, narrativas, pinturas e fotografias dessa ausência presente.
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