• Autor Gisele de Oliveira Fernandes Alves
  • Ano 2018/1
  • Localização -22.913883, -43.183942
  • Orientador Juliana Pavan
  • Resumo

    Situado na Lapa, na esquina da Rua dos Inválidos com a Rua Riachuelo, antiga de Matacavalos, principal caminho para expansão da cidade do Rio de Janeiro, o solar Visconde de São Lourenço é considerado um dos primeiros edifícios coloniais com três andares, este terceiro com uma planta em cruz que se estendia até o plano da fachada, interrompendo a cimalha e foi tombado em 20 de abril de 1938, pelo SPHAN. Na década de 1940, já estava em decadência, tornando-se casa de cômodos e na década de 1990, após um incêndio, houve um desmoronamento parcial. Elementos marcantes da fachada, como esquadrias e guarda-corpo foram saqueados e seu interior desmontado ilegalmente ao longo dos anos. Atualmente encontra-se escorado, com risco de ruir totalmente, já que continua sendo sub-utilizado, desta vez como estacionamento. Durante o desenvolvimento deste projeto houve um grande debate sobre as possibilidades de recuperação do edifício. Foi através do aprofundamento nas teorias do restauro, cartas patrimoniais, pesquisa, levantamento de dados, análise iconográfica, observação do entorno imeditato e legislação pertinente, que foram traçadas as linhas gerais desta estratégia de intervenção. O artigo 5º do Decreto nº11.883 de 30/12/1992, da APAC, prevê a recuperação ou reconstrução da edificação, mantidas as características originais da fachada e telhado, como penalidade em casos como este, em que a degradação da edificação é intencional. Entende-se que embora o valor deste edifício esteja nas feições que apresentava na época do seu tombamento, seu estado de ruína atual, que já dura aproximadamente duas décadas, possui um valor memorial que deve ser valorizado e assinalado nesta intervenção. A proposta se desenvolve buscando integrar conclusões teóricas e práticas, fundamentais para a recuperação do edifício e estender sua vida útil: Quanto à teoria, a proposta se desenvolve sob os princípios da distinguibilidade, de Camilo Boito (1836-1914), teórico que embora fosse contrário a reconstrução de ruínas, mostrou-se bastante flexível quanto a forma de intervir, admitindo adições, se fossem extremamente necessárias, por motivos estéticos e se fossem realizadas com materiais diferenciados do original. Desta forma, fica estabelecido que as partes remanescentes do edifício, devido ao seu valor memorial, serão restauradas tal qual o original e que as partes faltantes serão substituídas por elemento novo - a fim de recompor as linhas originais da fachada - com materiais de tecnologia e acabamento contemporâneos - assegurando a distinguibilidade na leitura do edifício. Quanto ao uso, a região oferece uma infraestrutura urbana privilegiada e o objeto de estudo integra a Área de proteção do Ambiente Cultural (APAC), onde há incentivo e demanda para habitação multifamiliar, fatores determinantes para a escolha do uso misto, que já possui uma presença marcante no entorno. No térreo as lojas estão voltadas para a Rua Riachuelo que possui maior fluxo de pessoas e o espaço de trabalho compartilhado para a Rua dos Inválidos, que possui um fluxo de pessoas moderado, assim como o acesso a parte residencial e o Pocket Park, localizado no espaço não edificado nos fundos do lote. No primeiro e segundo pavimentos estarão distribuídas as 14 unidades residenciais do tipo Kitnet, 1 e 2 quartos, onde 5 delas são adaptadas para pessoas com deficiência (PcD), visando atender a diversidade local e um público alvo de jovens e adultos, estudantes e/ou em início de carreira, que já utilizam os equipamentos culturais do entorno e/ou trabalham, estudam nos bairros vizinhos.


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