Zonzo: Investigadores urbanos é um dispositivo de leituras urbanas desenvolvido em parceria com crianças residentes na Favela do Morro da Babilônia, localizada no Leme, Rio de Janeiro. O dispositivo pretende estimular a reflexão sobre a dialética dos espaços concebido, vivido e percebido através de um percurso exploratório de atividades que tem como pressuposto o diálogo entre campos de artes, geografia, direito, educação, arquitetura e urbanismo. Rompendo com a lógica do pensamento disjunto (FREIRE, 1987) e me apropriando do pensamento complexo, este dispositivo transita entre e pelas disciplinas na perspectiva de, pela união dos saberes, buscar uma compreensão cada vez mais plena do todo. Em paralelo ao desenvolvimento do percurso exploratório, os participantes vão se transformando em um grupo de investigadores urbanos cientes do seu protagonismo no território e com domínio de informações e técnicas para expressar sua experiência urbana. A consolidação desse grupo e do desenvolvimento do dispositivo possibilitam a elaboração de um material analítico, aqui chamado de montagem urbana, que também se transforma em uma ferramenta de luta política ao reconhecer as qualidades do território e as territorialidades construídas pelo grupo - no caso crianças de classes populares. Reconhecer essas duas dimensões como uma mesma realidade é fundamental para que as crianças ampliem a sua capacidade de ação e, consequentemente, de conquista dos seus direitos de cidadania, incluindo os direitos urbanos e o direito à cidade. No âmbito do planejamento urbano, a metodologia aqui proposta pode servir como uma etapa a ser incorporada no processo que, diferente das práticas correntes, possibilita uma introdução ao território sob ótica e protagonismo das crianças. A entrada a partir desse grupo social facilita a aproximação e o diálogo com outros agentes do território e pode fornecer insumos para o melhor entendimento do mesmo e para a elaboração de políticas públicas e futuras intervenções físicas mais coerentes com as demandas e as particularidades do lugar.