• Autor Débora Mitsue Tabata da Silva
  • Ano 2017/1
  • Resumo

    O projeto busca revalorizar o edifício do Cine Theatro Vitória, reforçando os laços afetivos entre este e a população, unindo a história a ser preservada com as necessidades culturais e de acesso à informação. O Edifício está localizado na cidade de Resende, no interior do Rio de Janeiro, com aproximadamente 125 mil habitantes e que é um importante polo industrial automotivo, metalúrgico e de energia nuclear. A grande necessidade da cidade está no acesso à cultura, à informação e às novas tecnologias, pois a educação no município é de qualidade e atende a todas as parcelas da população. Porém, os estudantes (principalmente os mais pobres) não desenvolvem hábitos culturais e nem têm acesso ao que é mais novo no mundo tecnológico. Portanto, o objetivo é dar um uso à edificação, não necessariamente o original, e criar um anexo integrado a ele com outros usos destinados ao mesmo público, criando um espaço de lazer e cultura único que agregue cinema e teatro e que insira novas mídias para uso da população. Atualmente o cine é composto por uma grande sala de teatro/cinema, sem cadeiras e com um grande proscênio, que está sendo utilizada como depósito da prefeitura. Para a recuperação dos elementos originais que serão mantidos, foi utilizado o conceito de Reprodução de Bernard Fielden, do texto “Os Princípios da Conservação” (1981), em que o autor diz: “A Reprodução consiste na feitura de uma cópia de um artefato existente com o objetivo de substituir algumas partes decorativas que se perderam ou que se deterioraram para manter sua harmonia estética”. Seguindo também o mesmo texto, foi adotado o conceito de Revalorização: “A melhor maneira de se preservar edifícios é mantê-los em uso, (...), ou seja, modernização e alteração adaptada às novas circunstâncias”. Este acontece internamente no edifício do Cine, onde algumas alterações foram necessárias para mantê-lo em uso, e, nesse caso, um novo uso adaptado aos dias de hoje. O anexo também é considerado Revalorização, uma vez que é um acréscimo integrado ao edifício antigo com novos usos destinados ao mesmo público. O diálogo entre as duas edificações é essencial para que se construa um conjunto e, para isso, a unificação e a integração devem ser a alma do projeto. Foram utilizados então os conceitos de Contraste e Analogia, de Solà Morales (Do Contraste à Analogia), onde há o Contraste de períodos, a ruptura entre passado e presente, de modo que o anexo aparenta seu período, uma obra atual, mas respeita a edificação antiga, sua tradicionalidade e suas relações com o ambiente em que foi construído; e também a Analogia como o reconhecimento de elementos importantes no Cine e a utilização destes na nova obra, sendo uma forma de aproximar os dois, onde a nova apresenta uma arquitetura contemporânea, porém com elementos de referência à antiga. Essa estratégia de intervenção permite que a diferença e a repetição aconteçam juntas. Além de Solà-Morales, a Carta de Atenas (1933) defende o contraste entre os edifícios históricos e as novas intervenções, sendo apresentado através da diferença de materiais, forma e geometria: “Nunca foi constatado um retrocesso, nunca o homem voltou sobre seus passos. As obras-primas do passado nos mostram que cada geração teve sua maneira de pensar, suas concepções, sua estética, recorrendo, como trampolim para sua imaginação, à totalidade de recursos técnicos de sua época”.


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