Os espaços urbanos que se desenvolveram no Rio de Janeiro a partir de sua orla marítima formam hoje grande parte de seu centro histórico e neles se sobrepõem diferentes processos que definem a sua forma de cidade. Este trabalho pretende experimentar possibilidades para esta zona que fica entre a massa edificada e a baía de Guanabara; que fica entre a cidade consolidada e a cidade "reformada" da orla Conde. Este trecho tem o potencial de estabelecer uma relação entre o espaço público do parque do aterro flamengo e a zona portuária, contrapondo temporalidades, arquiteturas e atividades distintas. Unificado pela frente de mar mas plural e diverso em sua história, em seus usos e nos tipos que o frequentam e habitam, esse lugar do centro - como a cidade ela mesma - requerem, entretanto, que se leve em conta sua condição mutante. Entre o jardim da baía de Guanabara e a massa construída, conceitualmente este lugar ora é uma borda, ora ele é um "entre", definindo nessa ambiguidade a própria situação contemporânea. Daí, pretender-se experimentar, neste projeto, uma paisagem híbrida, que pensa o espaço público como lugar do conflito e em síntese, tanto busca abrigar a diversidade, a divergência e as tensões quanto gerar outras formas de habitar o centro. Para isso, os principais desafios são criar uma estrutura aberta, leve e porosa, que ofereça diversidade de espaços para atividades indeterminadas, e que corresponda à preexistência ora como arremate, ora como estrutura autônoma.