“Atualmente há um esforço conjunto de diversos setores da sociedade pelo reconhecimento das identidades culturais e da afirmação da diferença. A lógica socializadora da escola que compartimenta o conhecimento em disciplinas que não se relacionam está cada vez mais caindo por terra, ao menos teoricamente.” (Manso, 2010) A Praia do Pouso da Cajaíba, localizada na Reserva Ecológica da Juatinga, no município de Paraty (RJ), abriga uma comunidade caiçara, recentemente identificada como Comunidade Tradicional pelo Governo Federal através da promulgação da Política Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT). Dentre os objetivos específicos da PNPCT está o de garantir a inclusão de práticas educativas sociais e conhecimento das comunidades tradicionais. A Escola de Educação Caiçara do Pouso da Cajaíba e sua espacialidade, concebida de acordo com essa nova forma de pensar o ensino, busca agregar as práticas tradicionais de artesanato, repertório construtivo, mutirões de bioconstrução e cultivo, vivenciados pelos caiçaras dessa região ao longo dos séculos. Vivências e manejos que salvaguardam o espaço natural onde residem há gerações, não por acaso, em uma das últimas porções de mata Atlântica a fazer interface com o mar (Território situado entre as duas metrópoles Rio de Janeiro e São Paulo) ainda preservada da região Sudeste. A região é alvo de inúmeras disputas por terra como grilagem e má gestão de órgãos ambientais corruptos. Assegurar a manutenção do conhecimento dessas práticas e dessa população no território é assegurar a manutenção dos valores que preservam o ecossistema natural. Assegurar a educação caiçara é proteger tal patrimônio dos processos globais que disseminam culturas, visando a recuperação da memória coletiva, o resgate da autoestima de comunidades em processo de desestruturação e o desenvolvimento local.