• Autor Tamar Firer
  • Ano 2014/2
  • Orientador Diego Anibal Portas
  • Premiações 9º Concurso Nacional de Idéias (CNI) para Reforma Urbana - Menção Honrosa/2015
  • Resumo

    Este ensaio teve como ponto de partida o estudo da habitação de interesse social no Brasil, focando nas habitações construídas no âmbito do programa “Minha Casa, Minha Vida (MCMV)”, mas voltando atenção a seus predecessores desde os meados do século XX. No livro “Habitar São Paulo: Reflexões sobre a gestão urbana”, o eminente urbanista Nabil Bonduki, falando sobre projetos de habitação social, afirma que estes “caracterizam-se, em geral, pela monotonia de sua arquitetura; pela ausência de relação com o entorno; por sua localização periférica, estendendo horizontalmente as cidades; pela espreocupação com a qualidade dos projetos e com o meio físico, resultando na depredação ambiental; ...” Nabil Bonduki referia-se em seu texto aos projetos desenvolvidos pelo Banco Nacional de Habitação (BNH). Passados 30 anos no âmbito do programa Minha Casa Minha Vida, parece que pouco se aprendeu. Lamentando a falta de zelo no desenvolvimento destes projetos, mas considerando que simplesmente existem, surge a pergunta que norteia este trabalho: o que é possível fazer do ponto de vista arquitetônico e urbanístico para que estes adquiram uma tessitura socialmente mais saudável? Numa primeira etapa do projeto, tentou-se abordar esta questão focando condomínio típico do Programa MCMV, obtendo-se resultados, em termos de propostas de intervenção, que são considerados frustrantes: em um espaço com seríssimos problemas urbanísticos e arquitetônicos, qualquer intervenção arquitetônica deteriora ainda mais o espaço público e intervenções urbanísticas no espaço público impedem qualquer intervenção nos espaços privados. Para tentar dar materialidade a esta pergunta em um contexto com maiores possibilidades de intervenção, foi escolhido, para estudo de caso, o Morar Carioca, localizado no Bairro de Triagem, um dos poucos conjuntos habitacionais do MCMV localizados na área central do Rio de Janeiro. Trata-se de um espaço envolvido por programas monofuncionais (conjuntos habitacionais, exército, indústrias de grande porte) entre cortado por muros que, junto com as linhas de trem, e viaduto de metro, quebram a continuidade territorial em componentes desconectadas entre si. Em uma destas ilhas encontra-se o recém construído Bairro Carioca (MCMV - 2012) e em outra o Conjunto do PACC (2010), novos guetos ressaltando antigos muros. Este projeto procurou detectar, interpretar e adaptar o que há de saudável no encontro entre Rocha, Benfica, Triagem e Jacarézinho, bairros que não coincidentemente se encontraram por volta de 1920, um período de crescimento mais lento , natural e multifuncional da cidade. Este ensaio, através de uma contra proposta ao que foi construido, busca transpor a politica urbana/habitacional.


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