• Autor Santiaine Jandrey Teixeira
  • Ano 2014/1
  • Localização -22.902159, -43.178046
  • Resumo

    O Centro é o bairro mais importante do Rio de Janeiro, foi seu coração e origem. Roberto da Matta (1983) comenta que o Centro contém em si a ideia de cidade: ainda é comum alguém que vai ao Centro dizer que “está indo à Cidade”. Nos dias atuais, o Centro do Rio, apresenta um grande déficit habitacional com predominância de edifícios corporativos e comerciais, além de um acúmulo de vazios urbanos. Entre 1976 e 1994, o uso habitacional foi proibido na área, agravando a situação. O resultado é um bairro deserto nos horários “fora do expediente”, evidenciando a sensação perturbadora de esvaziamento - que foi cheio ou importante outrora. Em um levantamento realizado por Neves (1996), o cruzamento das informações sobre vazios urbanos com o uso residencial permitiu verificar que a proporção de vazios diminui à medida que se intensifica o uso residencial na área urbana central. Estas áreas com maior uso residencial, que caracterizam os “polos de vida” do lugar, ficam deslocadas e limitadas pela parte esvaziada do Centro. Jane Jacobs, já na década de 70, expõe a necessidade da diversidade de usos dos bairros: diferentes usos funcionam em diferentes horários e dinâmicas, impulsionando vida nas ruas durante o dia inteiro. O Centro possui estabelecimentos comerciais, culturais, educacionais, hospitalares e possui ainda acesso à diversos tipos de transporte coletivo (ônibus, metrô, trem, barcas, aeroporto e futuramente o VLT), o que falta é um impulso à habitação, à população residente, à criação de “olhos da rua”. Sendo assim, o presente trabalho tem o intuito de criar, primeiramente, um plano de estratégias com o objetivo de direcionar o Centro do Rio para um uso mais habitacional. Uma vez elaborado o plano, será necessário fazer um recorte na área para aprofundar o tema chegando à escala da arquitetura e colocando assim, o plano em prática. Estratégias 1. o plano político Uma vez delimitada a área, foram estabelecidas as principais estratégias do plano político, onde os imóveis convertidos em residenciais ou em edifícios mistos (comércio e habitação, sendo o uso habitacional predominante) receberiam algumas compensações, tais como: isenções fiscais, como a isenção de IPTU e TCL (taxa de coleta de lixo); permissão de remembramento de lote, já que grande parte dos terrenos permanecem com sua conformação do período colonial: estreitos e profundos, muitas vezes dificultando ou limitando o uso habitacional; dispensa da obrigatoriedade do estacionamento, a AEIU do Centro especifica que todo imóvel habitacional da área deve ter estacionamento, criando mais um empecilho para a habitação; não computação de varandas na ATE. 2. as tipologias de atuação Com o objetivo de adensar de forma controlada o espaço urbano e potencializar o plano político, propõe-se a criação de módulos para acréscimo de habitação e um plano de massas da área. desta maneira, novas habitações seriam criadas em diferentes pontos da área, estes pontos influenciariam seu entorno atraindo o comércio de bairro, gerando melhores condições de permanência no local, dando força ao plano político mencionado anteriormente e impulsionando assim o uso residencial no resto da área. Existem três diferentes tipologias onde o plano atuaria mudando para uso habitacional, como mostram os gráficos abaixo. 3. A quadra modelo Como última estratégia seria necessário chegar à escala da arquitetura. A tipologia a ser desenvolvida é a dos sobrados, já que possui maior complexidade e, portanto, requer maior detalhamento. De todas as possíveis quadras, a escolhida é a que se encontra mais deteriorada em relação às outras. Seus sobrados estão, ou fechados e sem uso, ou servindo como depósito. A principal diretriz de ocupação da quadra é uma releitura do plano agache: manter a passagem no térreo e a área coletiva previstas no Plano Agache, mas dando uso a eles, inserindo comércio e habitação voltados para este espaço, criando maior interação entre o edifício e o espaço público. A passagem ora acontece ao ar livre (rua da Alfândega), ora por uma galeria comercial (rua da Quitanda). A ideia é atrair pessoas de diferentes classes socias, levando em consideração o público com maior preferência por centros urbanos: jovens, estudantes, solteiros, recém casados, famílias pequenas, pessoas de baixo poder aquisitivo (morar perto do trabalho). Por isso o programa conta com lofts (2 unidades), studios (6 unidades), apartamentos de 1 quarto (5), 2 quartos (3) e 3 quartos (2) apartamentos duplex e simples somando 18 no total, e ainda comércio no térreo.


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