• Autor Luisa de Moraes Neves
  • Ano 2014/1
  • Localização -22.888946, -43.239117
  • Resumo

    O Ramal do Arará é um ramal ferroviário de carga que estabelece a conexão entre o Porto do Rio de Janeiro, no bairro do Caju, o interior do RJ e os estados de Minas Gerais e São Paulo. No município do Rio de janeiro, esta ferrovia sai do bairro do Caju, passa por Benfica e Manguinhos, e na altura do bairro do Jacaré se une ao Ramal Japeri através de sua Linha Auxiliar. Este trabalho tem como objeto de estudo o trecho do Ramal do Arará que vai do Jacaré ao Porto, no Caju. O crescimento industrial experimentado pela região a partir dos anos 30 do século passado, gerou um processo de favelização. A área non-aedificandi da ferrovia era aproveitada como moradia pelas famílias que vinham em busca de possibilidades de emprego nas indústrias, no Porto, na própria ferrovia, e também nas obras de construção da Av. Brasil. Hoje, ao longo do Ramal do Arará, há 9 comunidades somando uma população de aproximadamente 20.000 pessoas (dados do SABREN 2010). Como o trem de carga passa numa frequência muito baixa (em torno de 1 ou 2 vezes por dia), as formas de apropriação da estrutura da ferrovia foram diversas: rua e passarela na parte superior; teto e paredes na parte inferior (moradia/estacionamento). Uma boa parte dos casos mais críticos de apropriação já foi removida em projetos de urbanização destas favelas. Mas de um modo geral, a estrutura da ferrovia ainda é usada. Quando se fala de favelas, há a tendência de agrupá-las devido aos problemas em comum (falta de infraestrutura, violência, remoções etc.). As favelas do entorno do Ramal do Arará possuem ainda um outro ponto em comum: a presença da ferrovia. Como explorar o potencial da estrutura subutilizada da ferrovia de maneira positiva para as comunidades do entorno? 2 – OBJETIVOS O Plano Geral tem como objetivo conciliar as as atividades portuárias e industriais da região com a população local. Buscou-se a amenização dos impactos das operações urbanas vigentes na paisagem e a utilização de estruturas existentes para que se realizem as intervenções. Foi elaborado um programa de equipamentos de uso público a serem distribuídos ao longo do eixo principal (o Ramal ferroviário do Arará). Este programa é implantado em 3 fases distintas, definindo-se o tratamento que é dado aos Espaços Livres Públicos em cada uma delas. 3 – FASEAMENTO 3.1 – FASE 1 Conexões Inicialmente, a fase de Conexão foi pensada para proporcionar a ligação física entre favelas diferentes. Esta ligação geraria o fortalecimento da identidade do Complexo, e seria dada através de Objetos Conectores - passarelas acopladas à estrutura da ferrovia para transpor as principais barreiras (Av. Brasil e Linha Vermelha). Com o desenvolvimento do trabalho, determinou-se que além da conexão entre favelas vizinhas, o Complexo do Arará seria conectado com o sistema de transporte de massa do município. Nesta fase, portanto, são inseridos os Objetos Conectores, que além de passarela passam a ter a função de estação modal. 3.2 – FASE 2 Requalificação paisagística e Instalação de Equipamentos Sociais Nesta fase os Espaços Livres Públicos existentes são requalificados - tratamento paisagístico e provisão de infraestrutura, seguindo o exemplo da ‘Rambla de Manguinhos’. Aqui são também instalados os equipamentos sociais de uso público. Os programas foram definidos e inseridos especificamente em cada contexto, buscando complementar os espaços existentes. 3.3 – FASE 3 Densificação É proposto o loteamento de áreas-chave levantadas na etapa de diagnóstico. O traçado das novas vias foi pensado a fim de se promover a integração das diferentes malhas urbanas encontradas. São propostos lotes uni e bifamiliares, reproduzindo a tipologia encontrada nas favelas e no bairro de Benfica (entorno imediato), além de blocos multifamiliares com possibilidade de uso misto conformando as praças principais. 4 – DIRETRIZES DE PROJETO Todos as construções propostas deverão estabelecer um diálogo estético com as unidades de paisagem Indústria e Favela. A relação com a Indústria se dará através da escolha dos materiais: estrutura mista, onde concreto armado e metal encontram-se em seu estado bruto. Já a relação com a Favela se dará através do modo de ocupação dos espaços: essas estuturas se aprove itarão das condicionantes locais para se estabelecer e permitirão apropriações posteriores. Do ponto de vista do usuário, as intervenções apresentam acessibilidade universal e um aspecto material perene. Os Objetos Conectores terão também a função de marcar a transição de unidades de paisagem, que poderá ser observada a partir das principais autopistas (Av. Brasil e Linha Vermelha).


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