• Autor José Raphael de a. G. Sette Pinheiro
  • Ano 2013/1
  • Orientador Diego Anibal Portas
  • Premiações Arquisur - Menção Honrosa/2014
  • Resumo

    CENÁRIO A exaltação, a condição Rio 2016, é um conceito criado pelo Município, Estado do Rio de Janeiro e empresários para arrecadar recursos financeiros e a cidade, assim, passar por diversas transformações velozes, justificadas pela execução dos jogos olímpicos. Neste período, de preparação para os jogos, acompanhamos uma quantidade de investimentos e intervenções na cidade elaborados majoritariamente pela demanda Olímpica transformando o tecido urbano. Tal demanda olímpica poderia ter sido elaborada conjuntamente com os planos de crescimento do Estado, numa perspectiva de consolidação de seu urbanismo, mais discutido e amadurecido, mas no entanto o que seguimos vendo é o estreitamento entre as relações público/privado e o desenvolvimento da cidade motorizado pelos interesses de grupos de empresas envolvidas no processo. Acompanhamos o desenvolvimento da cidade aliado a interesses não sociais, onde as figuras de governo não têm intenção clara de se familiarizar com os problemas reais da cidade e desenvolvem projetos com as empresas que crêem primordialmente em seu benefício(empresa privada-capital) por meio de facilitadores e favorecimentos públicos. Neste momento os projetos se encontram em execução ou elaboração, tendo já divulgadas suas ?imagens? e pretensões. O estudo do trabalho de graduação se caracteriza por uma interpretação a falta de consciência pública no projeto de cidade, excluindo possíveis ingenuidades quanto às operações capitalistas necessárias para a sua construção, porém com a pretensão de estabelecer uma relação menos predadora com terrenos de origem municipal, governamental ou federal, colocando-me na linha de debate ao destino da terra. RECORTE área 5.029.685,53 m2 perímetro 9.168,66 mL A área escolhida para o estudo e desenvolvimento da proposta foi a interseção entre os bairros Leblon e Gávea, um dos metros quadrados mais caros do Brasil, marcados pelo intenso fluxo de veículos automotores na Avenida Padre Leonel França e na Rua Mário Ribeiro. A conexão entre estas vias liga grande fração da Zona Oeste com o Centro e Zona Sul da Cidade, com uma média de 135.000 automóveis/dia, o que representa figurativamente uma barreira móvel entre os bairros e o distanciamento do pedestre no seu atravessamento, conformando uma distância irreal/psicológica entre regiões. Tal psique coletiva, gerou um elemento muito comum e agressivo para os bairros, o muro, fruto da insegurança imobiliária e terrenos públicos fechados, onde o transeunte encontra um percurso monótono, canalizado e muitas vezes perigoso. Na abordagem serão estudados mais precisamente o canal do Leblon como elemento transversal e cortante deste tecido e uma série de terrenos próximos ao canal de origem pública, que ultimamente são especulados pela iniciativa privada ou esquecidos pela iniciativa pública, no que diz respeito a boa qualidade urbana. As duas comunidades pobres, periféricas ao recorte, Rocinha e Vidigal, exercem fator decisivo na evolução dos estudos. ELEMENTOS O terreno de destaque, 34.000m2(Leblon), onde se encontrava o 23ºbpmrj e que hoje divide função com o canteiro de extensão da Linha 4 do metrô. Os outros terrenos do entorno, mais consolidados, foram estudados afim de compreender melhor a maquinação do tecido e com isso chegar a uma costura artística/arquitetônica mais adequada ou mais esclarecida , não tratando o terreno principal de maneira descontextualizada. OPERAÇÃO Devido a limpeza do terreno do batalhão de polícia para a construção da linha do metro, encontramos um terreno ?branco? pós-obra, sem destinações e certezas, mas que se abre e se revela novamente para seu entorno, antes murado militarmente, herança da ditadura, configurando uma oportunidade intelectual única e rara. O projeto pretende estabelecer relações mais realistas de uma cidade contemporânea e aproveitar melhor seus espaços públicos (integração e acesso). Portanto é proposto num primeiro momento experiências com o recorte escolhido, incluindo passeios de bicicleta, a pé, ensaios fotográficos e debate, acompanhados de uma pesquisa tradicional de levantamento urbano/arquitetônico da área. Em um segundo momento são consolidadas propostas urbanas e arquitetônicas afim de ?costurar? as diversas atividades públicas e simultaneamente ?linká-las? melhor com os edifícios privados/comerciais. RESPOSTA Em processo de metalinguagem e honestidade projetual, aquém do estado ideal que todo projetista se coloca, pretende-se em bancas e reuniões de orientação entender o que as situações expostas acarretariam para o sistema urbano na macro/micro escala. Em tentativa de derrubar a ilusão criada por uma boa imagem de projeto e sim criar uma convicção de que o projeto esta inserido no tempo e na realidade econômica/política/social do país e da cidade. Buscam-se novas formas de representação e diálogo sobre a arquitetura, mais sinceras e coletivas.


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