Resumo
Este trabalho explora as paisagens limiares do Centro do Rio de Janeiro, onde terra, céu e água se encontram. Essas zonas de transição revelam o território urbano como um palimpsesto, com camadas históricas que se sobrepõem, reescrevem e costuram o tecido urbano. Desde sua fundação, a cidade foi moldada por essa relação, mediando a construção, apagamentos e ressignificação do espaço. Aterros, desmontes e reconfigurações das margens testemunham sua morfologia mutante, resultante da tensão entre natureza e ação humana. O ensaio propõe uma leitura sensível do território (Santa Luzia, Praça XV e Largo da Carioca) para acessar suas camadas reescritas. Mais que resgate histórico, o objetivo é captar as composições de fragmentos que formam as nebulosas dos espaços. Essa dinâmica afirma o urbano e a arquitetura como um campo vivo de diálogo entre tempos, memórias e possibilidades, visando contribuir para futuras intervenções que valorizem a complexidade da paisagem. Os contornos da cidade contemporânea e antiga enquadram a experiência paradoxal de existir no meio terrestre como agente produtor de percepções. É como olhar a cidade e sua paisagem por uma lente caleidoscópica, onde o movimento de seus fragmentos constrói e desconstrói novas percepções do espaço. O reflexo da cidade em cada um de nós tem a capacidade de edificar, demolir ou transmutar paisagens e seus entre-lugares.
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