Localizado em Seropédica (RJ), o projeto propõe a construção de um espaço sagrado que traduz os valores espirituais, culturais e sociais da Umbanda Omolokô. Diante da invisibilidade dos terreiros na paisagem urbana e da ausência de referências arquitetônicas afro-indígenas no campo acadêmico — ainda dominado por tradições ocidentais —, a proposta afirma a ancestralidade como força projetual decolonial. A nova edificação substitui uma estrutura comprometida, com uso de tijolos ecológicos (BTC), entulho reaproveitado e materiais simbólicos como ferro (Ogum), pedras (Xangô) e terra (Obaluayê). Casas de santo ocupam a entrada, o barracão o centro, e ao fundo estão cozinha, dormitórios e depósitos. O jardim central preserva árvores nativas e atua como espaço ritual e sistema de drenagem. Toda água pluvial é conduzida a um reservatório subterrâneo e reaproveitada, por capilaridade, nos jardins, espelho d’água e cascata ligada às Yabás. A participação comunitária fortalece o pertencimento e a espiritualidade como essência da arquitetura.