Este trabalho examina espaços de circulação e ressignificação de saberes do samba no contexto urbano carioca focando no subúrbio ferroviário da zona oeste do Rio de Janeiro, região que, com suas antigas freguesias rurais, se consolidou como um dos principais centros contemporâneos do samba. A concentração de micro diásporas africanas e de uma expressiva população negra foi determinante para o desenvolvimento cultural da região, que preserva saberes tradicionais e impulsiona a batucada e o samba como manifestações culturais centrais. Dessa forma é proposta a hipótese de que esse fenômeno cultural seja também dispositivo de urbanidade, analisando sua capacidade de transformar e dar significado aos espaços urbanos. O samba, além de ser uma manifestação cultural, atua como um elemento estruturante da urbanidade carioca, especialmente nas áreas periféricas e suburbanas. Ele se expressa em espaços de interação coletiva, como rodas de samba, que promovem a ocupação dos territórios urbanos de forma fluida e dinâmica. Ao ocupar ruas, praças e quintais, o samba ressignifica esses espaços, tornando-os locais de convivência e trocas culturais, reforçando o conceito de urbanidade ao integrar corpo, música e espaço.