O presente trabalho é uma investigação metodológica, atravessada por influências pessoais e afetivas da minha relação com Campo Grande, bairro onde cresci. Surge da necessidade de explorar e ressignificar narrativas, indo além das histórias oficiais para captar nuances e contradições do espaço urbano. A história urbana reflete a complexidade da vida cotidiana e as transformações sociais que moldam os lugares que habitamos. Inspirada na montagem por contraste de Walter Benjamin, proponho uma leitura da Esquina do Pecado, articulando dimensões físicas, comportamentais e simbólicas. Essa técnica expõe tensões e contradições das narrativas existentes, permitindo revelar como visões contrastantes constroem diferentes compreensões sobre os espaços urbanos e suas dinâmicas. A prática audiovisual é central nesta pesquisa, justapondo memórias, histórias e imagens para criar uma narrativa que revela camadas de tempo e ecos das vivências humanas no bairro. A montagem possibilita reconstruir e reinterpretar a história de Campo Grande, destacando detalhes que enriquecem novas narrativas sobre a cidade. Meu objetivo é repensar Campo Grande e a Zona Oeste do Rio de Janeiro como espaços de tensões e transformações urbanas, conectando histórias passadas e presentes para propor novas leituras do território, unindo memórias pessoais, relatos coletivos e análises críticas. A estrutura organiza-se em três dimensões: aspectos morfológicos (mudanças físicas), comportamentais (práticas sociais) e simbólicos (significados atribuídos ao lugar ao longo do tempo).