Resumo
No contexto brasileiro, a exclusão foi institucionalizada por meio de políticas que criminalizam manifestações culturais como o samba, a capoeira e as religiões de matriz africana. Em resposta, os grupos marginalizados desenvolveram, nas ruas, estratégias de resistência e pertencimento que desafiavam as normas impostas. Essa resistência, como aponta Luiz Antonio Simas, encontra-se simbolicamente presente na síncope do samba, utilizada como metáfora para romper com a uniformização cultural e celebrar a diversidade e a imprevisibilidade. Neste sentido, o presente trabalho tem como objetivo, além de explorar as potencialidades do desenho in loco na análise urbana, identificar onde essas brechas de resistência estão inscritas na paisagem urbana da Pequena África. O desenho será abordado não apenas como uma ferramenta de representação, mas também como um instrumento multifacetado de estudo espacial. Como Jorge Luiz Barbosa ressalta, a representação vai além da simples reprodução; trata-se de um ato de interpretação e construção de conhecimento: "É através de sua qualidade de abrir-se para o invisível que se funda a possibilidade da arte de atualizar o passado e indagar sobre o futuro" (BARBOSA, 2000). A investigação será registrada em forma de diário gráfico, adotando-se a tática explorada por Paola Jacques, que propõe a corporeidade da errância: colocar o corpo em jogo para "ler" a cidade através dos sentidos, da experiência, da vivência, dos cheiros, das provas e das conversas.
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